O problema com o Huntigton é que está meio certo, não acertando no alvo também não o falha completamente e isso é quanto basta para que os comentadeiros se sintam confiantes em desfilar ignorância pela tv, rádio e jornais. Pior ainda no caso de quem, como este vosso criado, efectivamente leu o "Confronto de Civilizações". O Huntington fornece uma teoria, e as ferramentas, para a trabalhar. E como o homem falha o alvo por pouco, é extremamente sedutor alinhar pela melodia do confronto de civilizações.
Olhando para o desperdício de ribossoma e demais ácidos nucleicos que andaram por Paris a espalhar destruição, constato que se trata de indivídios (passe o abuso de linguagem) com vidas profundamente antisociais. Até terem encontrado o caminho para a Síria, um dia bom consistia em foder, ganzar e beber. Chegados à Síria, continuaram como dantes mas de kalash nas mãos. Estou em crer que em condições normais, estes tipos acabavam ou presos por tráfico e roubo ou com vários tiros no lombo, cortesia do gangue rival.
E o que são condições normais ? Demos um salto até ao Brasil. Nas favelas do Rio e São Paulo, decorre uma guerra urbana entre traficantes e polícia. Estou em creer que os tipos de Molenbeek, nunca teriam encontrado o caminho para a Síria se tivessem nascido no mui cristão Brasil. Porque para a vida de miséria espiritual e material, que os tipos levavam aqui em Molenbeek e noutros quartiers de Paris, o escape social devidamente sancionado no Brasil é a criminalidade e a violência com a bófia.
Trazidos de volta a Bruxelas e Paris, podemos constatar que uma não desprezável parte da população atrás das grades são exactamente magrebinos. Dito de outra forma, a criminalidade como a válvula de escape existe por cá também. Então porque é que os tipos fizeram a merda que fizeram ?
Aqui chegados é altura de jogar a manilha de trunfo, que tínhamos guardada. Eu estou convencido que o Islão facilita e justifica a via da violência como meio de afirmaçao, e controlo territorial, de um grupo. Olhando para os tempos iniciais do Islão, vemos um pequeno grupo a tentar sobreviver num meio que lhe é hostil, matando e roubando sempre que necessário. A identificação que um terrorista fará entre a sua vida e a do profeta, parece-me fácil de fazer. Aliás, a biografia que Lawrence Wright faz de Zawahiri e Bin Laden é disso exemplo. Os tipos passaram as passas do Algarve, e muitas vezes quase tudo parecia perdido. Penso que se viam como encarnando uma versão moderna do profeta, e a forma quase miraculosa como foram escapando com vida das várias encrencas em que se meteram, apenas reforçou a esta crença.
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O irmão do Salah Abdeslam foi hoje entrevistado pela televisão belga. Prefere que o irmão seja preso antes que morto. Eu também. Já chega de morte.
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