Ou sobre a fundamental necessidade da espécie humana em dividir o mundo em bons, nós, e maus, os outros.
Um tipo com dois dedos de testa compreende que a dívida pública da Grécia é insustentável e ou é perdoada, ou paga em prestações muitíssimo mais suaves. O mesmo tipo pode, claro está, ter como objectivo na vida ser sodomizado em simultâneo pelo duo Tsipras-Varoufakis, que não deixa de estar correcto na sua análise. Mas quanto às suas preferências sexuais, já não digo o mesmo.
Um tipo com dois dedos de testa, não necessariamente o mesmo do parágrafo anterior, reconhece também sem grande esforço que o Syriza fez asneira atrás de asneira na forma como tratou com a Európa. Basta dizer que o meu rebento de três anos se comporta de forma mais adulta que o Varoufakis. E o resultado, passados que estão cinco meses, foi que o Syriza conseguiu pôr a economia em recessão, os bancos sem graveto e daqui por uma semana vão oficializar a saída da União Europeia. Engane-se quem pensa que só vão sair do Euro.
A tragédia grega, por si só tem tido um mau guião. Mas como um mal nunca vem só, os comentários à tragédia têm demonstrado a capacidade de de muita gente em explicar o inexplicável, dependendo de quem são os seus personagens principais. E estou só a falar de gente capaz de articular duas ideias seguidas em qualquer outro domínio. Senilidades à lá Mário Soares não são para aqui chamadas.
Existem imbecilidades para todos os gostos. As duas minhas preferidas sao que a Grécia (e por arrasto nosotros) fora do Euro vai crescer a ritmos milagrosos. E que o Varoufakis tem um plano secreto para tramar a Europa. No fundo, estamos a falar de gente que compreende a enorme vala comum que os gregos estão a cavar para si próprios, mas prefere pensar que os gregos têem mas é uma relação especial pelas pás e picaretas. E chega de inuendos sexuais.
Mete dó ver um país colocar malucos no poder, mas a democracia é mesmo isto. Cada país tem o governo que merece, Joseph de Maistre dixit. Mete ainda mais dó ver a Grécia ansiosa pelo colinho do Putin. A Rússia dos nossos dias é uma ditadura unipessoal de um ex-KGB. Se isto basta para seduzir os comunas gregos, moços deixam-me que vos diga: vocês contentam-se com pouco.
Sem comentários:
Enviar um comentário