quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Oblak, Markovic e o trabalho científico de Nabokov: longa reflexão para afastar quem procura entretenimento.

Por razões que escapam ao nosso controlo estivemos envolvidos numa irrelevante troca de comentários com o cidadão Daniel Oliveira, mas cumpre notar que o sobressalto cívico responsável por esse importante choque de titãs se deveu precisamente a diferenças de visão no que respeita aos meios de comunicação de massas. Quem são as massas? Não sabemos. Mas sabemos quem são e o que representam os órgãos de comunicação. O leitor assíduo deste blogue sabe como, em primeiro lugar, o nosso propósito se confunde com a perseguição de todas as simplificações, e em segundo lugar, com uma declaração de guerra ao determinismo lógico falacioso, nomeadamente, o praticado por todas as pessoas que sendo amplamente beneficiárias da sua própria passividade crítica em relação às estruturas do meio (trau), sorridentes e obedientes em todos os locais e perante todas as pessoas capazes de garantir um mínimo de audiência, de público, numa palavra, de rebanho, aparecem depois com ambições de propriedade no domínio da crítica (da mais variada crítica, note-se, do cultivo do rabanete à distribuição do mérito no subsídio agrícola) pessoas com carteira profissional de jornalista e tudo - e já se vê que estou a generalizar de forma voluntária e excitantemente viril -, pessoas capazes de emergir em ecrãs de televisão atirando sobre os mais fracos, o povo, sabujo, serôdio, encardido, o povo, sim, o povo, que mais não faz do que aproveitar as escassas oportunidades de prazer que lhe são facultadas, contribuindo, aliás, de forma absolutamente graciosa, para o material que depois é servido pelo preço da nossa dignidade, em tudo quanto é terminal de propaganda, perdão, de informação, controlado pelos nossos estimados especialistas da mediação. Ainda ontem o graciosamente vesgo Nuno Markl (esse hino à sucessão geracional do poder) atirava pela enésima vez contra a delicada e lampeiramente elegante Bernardina. Markl, e se te metesses aqui comigo e deixasses a rapariga em paz? Mais perigoso não é? Pois é.


Perguntará o leitor, torcendo neste momento o seu nariz adunco: alf, mas os coitadinhos dos jornalistas e dos humoristas têm poder? Sim, meus amigos, sim, mais do que se pensa, e mais do que os políticos, com certeza, basta confrontar o político mais bem pago com o jornalista ou humorista mais bem pago. Ora, é importante fazer notar, a todo aquele que pretende ocupar o seu lugar solitário na corrente do mundo (e o convite fica desde já lançado a todos os senhores jornalistas) que o que não falta são esquinas abandonadas, nomeadamente, a solitária e suja esquina deste blogue, onde se pode disfrutar de um olhar melancólico, profundo, absolutamente estéril de reputação (por enquanto, graças a deus) mas assim como assim, consistente e firme, engrossando o ponto de vista de todos aqueles que sabem que o mundo é anónimo, e apenas (o que não é pouco) um imenso manicómio teatral, desconhecendo o ser humano quase todas as coisas em geral sobre o mundo (por enquanto) e quanto mais esta evidência da nossa incapacidade de compreensão for tornada dominante, mais condições teremos para desenvolver o nosso discernimento. Anónimos de todo o mundo, uni-vos.


Num livro já não muito recente, intitulado O Cisne Negro (não, não é o belíssimo filme) o grande maluco libanês, Nassim N. Taleb , fez questão de lançar uma devastadora crítica à incompetência narrativa com que os meios de comunicação (sim, sim, são os únicos culpados) e o meio Académico em geral (sim, sim, são os ogres deste nosso mundo) reduzem a complexidade do real a modelos ridículos e simplificados, ou a narrativas travestidas de travejamento lógico, com o estranhíssimo objetivo de não se sabe o quê.


Tudo começou com a generalização do mecanismo narrativo: nascimento, luta, adaptação, morte, sobrevivência dos filhos, luta, adaptação morte (e assim sucessivamente) aplicado de um forma cega e desinformada a tudo o que mexe. Como é domínio coletivo, a começar por todas as meninas que atualmente frequentam estudos secundários nos liceus deste país, a redescoberta da genética de Mendel, depois de 1900, permitiu redescobrir duas abordagens em torno da evolução, a começar pelos seres humanos, mas incluindo também os economistas, os professores de toda a índole e os jornalistas, podendo simplificar-se essas duas linhas de investigação entre: a) o estudo da sucessão dos vários organismos; b) o estudo do mecanismo que possibilita as transformações evolucionárias. As consequências deste facto dificilmente podem ser sobrevalorizadas já que esta simplificação nos possibilitou, ao longo do século XX, adaptar aos problemas humanos b) a dimensão histórica da inteligência humana; e a) a dimensão fisiológica do comportamento humano, o que para o homem inteligente deveria começar por representar a colocação da simples questão: quem sou eu e o que estou eu aqui a fazer? Bem, sabemos que o agente da mudança é a seleção natural mas entretanto, de Jorge Jesus a Daniel Oliveira, de Tolentino Mendonça a Zezé Camarinha (aliás, dois tipos do mesma espécie discursiva, a sede de beleza) todos temos uma visão da eficácia da natureza, quase sempre baseada numa síntese esconsa e rudimentar da delicadíssima filigrana de cristal que é o conceito de evolução enquanto mecanismo de explicação científica. E aqui a multidão divide-se entre a aceitação (caso do mais sabujo pensamento económico clássico, sem que se perceba o que economizam, de facto, as leis da economia clássica) e a recusa (caso de todas as religiões da lentidão, da proteção dos mais «fracos», o que quer que isto signifique, e da recusa do progresso, à proteção dos mais fortes e defesa da competição) de uma hipotética propensão do homem, do ambiente, das instituições, da natureza, para evoluir. Mas evoluir para onde e a partir de que critérios?


Foi precisamente a dificuldade em resolver problemas deste género que levou uma criança, nascida na Ucrânica em 1900, Theodosius Dobzhansky, a colecionar borboletas, primeiro, e a tornar-se depois biólogo numa Universidade Americana, procurando quebrar a tirania da química na explicação dos fenómenos para voltar a impor aos humanos uma organização teórica, estável e generalizável ao conjunto da história natural sobre as causas das formas existentes no mundo. Ora, a grande Rússia era nesta época, muito por influência do germanismo de uma parte da sua aristocracia, a grande exportadora de cérebros envolvidos no amor da natureza. Basta pensar no jovem herói, médico e estudioso de sapos, do romance de Ivan Turgueniev, Pais e Filhos, ou no alemão zoólogo que publicou vários volumes sobre uma minhoca qualquer do lugarejo onde decorre a ação do genial e inesquecível  Um sonho do tio, de Dostoiévski, ou no naturalista irritantemente alemão, sempre a moralizar em torno da disciplina dos fortes, de O Duelo de Anton Tchékhov, ou ainda no jovem revolucionário do Petersburgo de Beli, Nicolai Apollónovitch, que conhecia todas as aves e tinha lido todas as obras de Dimitri Kaigorodov. A Rússia preparava-se para o desenvolvimento da genética experimental no contexto da história natural e por isso misturava, como nenhuma outra sociedade, os conteúdos formalizados da biologia como um teoria da causalidade das formas biológicas mas este salto era, como teima em continuar a ser, um verdadeiro salto mortal onde acabamos todos por partir a espinha por não fazermos a mínima ideia acerca da relação entre a hereditariedade e a adaptação a nichos ecológicos. São muitas variáveis em movimento. É mais fácil fazer rodar copos nas voluptuosas ancas.


Dobzhansky, o melancólico compatriota de Nicolai Gogol, lembraria as espantosas viagens noturnas entre S. Petersburgo e Moscovo, curiosamente a mesma linha onde Ana Karenina colocaria um ponto final na sua atormentada existência. A razão pela qual Karenina decidiu ir ao encontro da morte podia colocar-se em termos de adaptação (mas por razões de humildade intelectual, devemos abster-nos dessas piruetas). A verdade é que os problemas da decisão de Ana Karenina continuam a mobilizar as mentes de todos os críticos profissionais, desesperados por fazerem prova da sua competência profissional, e dos leitores emocionados, desesperados por fazerem prova do tempo de leitura bem empregue, e não falo dos que buscam encontrar, na pior das hipóteses, a confirmação de uma correta decisão, ai de nós, em situação análoga, na sua própria vida. No meio do imenso barulho das nossas sociedades mediatizadas, quero reclamar do leitor um entendimento prévio: a diversidade parece ser o facto primacial da natureza e advém da dispersão das linhagens dos organismos, provocando a descontinuidade na natureza. De resto, que podemos nós saber acerca dos nossos comportamentos? Calma meus amigos, calma, pois não estamos a conseguir lidar com esse facto, e parece existir em nós uma rejeição patológica dessa evidente descontinuidade. Agarramos, de forma ridícula e imperfeita, a noção setecentista da igualdade, e teimamos em não reconsiderar o problema. Antes de ser confrontado com acusações de eugenismo, racismo, benfiquismo, e outras formas mais subtis de insulto, clarifiquemos o argumento. Ñão há razões para alarme: as variações (das mutações genéticas e cromossomáticas) são copiosas mas de pequeno efeito, porém, não aleatórias (trau). Julgo que o detonador explosivo do problema se encontra neste valioso conceito: aleatório. Depois da descoberta da mutação do mundo e do enterro das categorias aristotélicas (com o adeus à Igreja, cujos efeitos chegam até aos sorrisos ternurentos e fúnebres do Papa Francisco, até sempre metafísica cristã) estamos a tentar brincar com este novo feitiço: a aleatoriedade. Nas palavras «gregas» do grande Dobzhansky: «As tentativas para compreender as causas e a significância da diversidade orgânica têm representado esforços continuados desde a antiguidade; o problema parecer ter um irresistível apelo estético, e a biologia deve, em parte, a sua existência a este apelo».


A descontinuidade das formas foi associada à descontinuidade dos nichos ecológicos onde o organismo desenvolve a sua sobrevivência. Deste modo, e segundo os biólogos convencionais, a descontinuidade não é uma função da história mas um reflexo da adaptação topográfica sob o constrangimento da genealogia. Era esta a síntese de dois dos mais brilhantes escritores em língua inglesa na primeira metade do século XX,  Dobzhansky, no elegante e profundo Genetics and the Origin of Especies (1937) e Mayr, no enciclopédico e algo superficial Systematics and the Origin fo Species (1942). Ora, todo o trabalho científico de Vladimir Naboko surgiu precisamente na época em que se construía esta solução. No recentemente publicado Notes for talk «A Genus of Blue Butterflies», escrito em 1944, Nabokov pretende refutar o conceito de espécie desenhado poucos anos antes, regressando ao critério empírico e morfológico da tradição oitocentista. Desautoriza, sem pestanejar (mas com o zelo bizarro do especialista amador) as considerações de Mayr sobre borboletas, considerando-o um ornitólogo, como na verdade era, e recusando-se a reconhecer a Mayr direitos gerais de cátedra sobre outras realidades naturais. Nabokov, obcecado com a forma, pretendia um conceito de espécie que fosse um conceito relativo, embora respeitasse e aceitasse a massiva iluminação científica detonada por Mayr e Dobzhansky. Oiçamos o próprio Nabokov:

"(...) os autores de língua inglesa introduziam na nomenclatura modificações que resultavam da aplicação estrita da lei das prioridades e de modificações taxonómicas baseadas no estudo microscópico dos órgãos. Os alemães (e em parte os russos, acrescento eu, alf) fizeram o possível por ignorar as novas tendências e continuaram a alimentar o lado filatélico da entomologia. A solicitude que mostravam com o «colecionador vulgar, que não disseca», pode comparar-se à dos excitados editores de romances populares com o «leitor vulgar» - a quem não pedem que pense". (Fala, Memória, de Vladimir Nabokov, na magnífica tradução do magnífico Aníbal Fernandes, lembre-se, o fiel tradutor de um dos pináculos da criação literária universal, Moby-Dick).


Resumindo: a instrumentalização que julgamos fazer da realidade, recorrendo a um resumo esconso e superficial da evolução, deixa intocada a complexidade do mundo e como reação, em vez de tentarmos outra vez, arriscando-nos a reconhecer a infinidade de coisas que desconhecemos, damos por nós a construir modelos, a prever tabelas, e a interpretar o jogo, como grande metáfora da vida. Nada mais errado, as regras de um qualquer jogo são relativamente estáveis e não permitem colocar este tipo de problemas. A informática ensinou (ei, pessoal do Ipad) que a inteligência humana depende de uma capacidade limitada de computação, mas cuja força está na modificação das regras de produção de regras, logo, esqueçam os modelos e pensemos com maior jogo de cintura.


Até há pouco tempo, estava convencido de que os médicos eram os sacerdotes do século XXI. Enganei-me, pois os médicos, apesar de tudo, têm um método, e por isso, têm instrumentos, ficando menos dependentes da construção de falácias, em linguagem popular, fraude. Os verdadeiros sacerdotes do século XXI são os jornalistas e insistem em intelectualizar, domesticar (risos) o aleatório, hierarquizando a informação com base em políticas editoriais (risos) critérios jornalísticos (como?) enquanto fazem um profundo silêncio sobre todas as conquistas intelectuais consistentes e fundadas, cépticas e empíricas. Olhemos agora para esse fenómeno imortal, típico do século XX, não o amor ao jogo, não o amor aos brilhantes praticantes do jogo, não o amor ao facto maravilhoso de sermos um corpo, mas a narrativa jornalística em torno do futebol, enquanto espaço passível de atribuições de mérito ou relação causal.


O jogo de Domingo, entre os onze Eusébios e o conjunto de bonecos de cera com o uniforme do Futebol Clube do Porto, mostrou amplamente como é difícil encontrar no jornalismo, escrito, falado, filmado, qualquer frase inteligente. Cabe-nos a nós avançar algumas certezas. Lazar Markovic, o mais feminino de todos os jogadores de futebol profissional do mundo ocidental, assinou uma exibição taurina e chegou mesmo a desafiar o cigano Ricardo Quaresma para uma luta de facas, obrigando a que este recuasse, latindo silenciosamente e procurando depois a solidão da linha lateral para refletir nos limites do conhecimento humano.


Lazar Markovic, ele próprio um tratado de imprevisibilidade na relação com os corpos, parece muito pouco preocupado com a existência de lógica no futebol, enquanto atividade sujeita às leis naturais e basta observar o passe para o primeiro golo de Rodrigo, mormente, o momento em que a bola, com a mesma naturalidade com que as máquinas dos cafés libertam os brindes num soluço bizarro, é libertada dos seus pés, num efeito espiralado deslizante, bastante irregular, de tal forma que a mesma bola desacelera, depois de ultrapassar o confundido Danilo, defesa do Porto, no preciso momento em que Rodrigo, jogador do Benfica (um brasileiro espanholado, uma coisa de si já bastante esquisita) desfere um golpe violento no esférico.
 

 

No segundo momento fundamental do jogo, Joaquim Mangala, o internacional francês aduzido nesta imagem recolhida depois de um movimento estranho do próprio Joaquim (a inclinação da cabeça e uma saudação envergonhada de mão esquerda erguida contra a bola rematada por Nejmanda Matic, um internacional sérvio em forma de gigantone) dizíamos nós, Joaquim Mangala demonstra nesta imagem a grande inquietação, tentando antecipar a trajetória do esférico com pulinhos assustados e irrequietos.

 
Joaquim Mangala está num momento particularmente doloroso do jogo e tem já estampado na face o horror do confronto moral. Entre a penalidade cometida, segundos antes, ao intercetar com a mão, e infringindo as leis do jogo, o referido remate de cabeça, e sentindo que o destino vai ser severo para consigo, começa, portanto, uma queda interior, visível no estreitamente das pálpebras e no entreabrir dos lábios, isto muito antes do momento aleatório já em desenvolvimento, que irá culminar no instante em que Ezequiel Garay se atira, com rigorosa acuidade, para intercetar a trajetória da bola e aplicar, com a testa, um violento golpe de cabeça, após carambólico choque entre Helton, o guarda-redes, e o próprio Joaquim Mangala.
 


 
 Nesta sexta estação, contemplamos em silêncio o sagrado coração do maior guarda-redes a atuar em Portugal desde Costa Pereira, o cinematográfico Oblak, neste momento preparando-se para encaixar a bola com a mais desarmante tranquilidade.
 



O material aduzido, quando fotografado, e interpretado após o conhecimento das trajetórias, permite conclusões consistentes e significativas. O problema é que a vida é como um campo de futebol sem linhas laterais e finais, sem árbitro e com várias bolas, que não apenas os testículos do Ronaldo, em movimento. Analisemos agora vários tipos de indivíduos, praticantes esmerados da falácia narrativa, observados no seu ecossistema, a televisão portuguesa, entre as 18h00 e as 20h00 de Domingo. Antes de mais, uma palavra de apreço no que respeita ao génio do comentário desportivo português, Carlos Daniel. Ainda que as suas previsões sejam quase sempre envolvidas numa esmerada capacidade de relacionar os factos mais díspares, Carlos Daniel não recorre a quantificações, embora utilize expressões repugnantes do género «bloco baixo» e «entre linhas», expressões que, por qualquer motivo, remetem sempre para qualquer coisa de cariz anatómico ao nível da mulher. Em todo o caso, pode mesmo dizer-se que Carlos Daniel é o único que, de facto, arrisca previsões, expondo-se ao ridículo, e mostrando, por isso mesmo, a fibra de que é feito. A sua velocidade de raciocínio ultrapassa de longe, todos os colaboradores da Revista Ler (com a exceção do Rogério Casanova, faça-se a justiça), mas ainda assim, Carlos Daniel revela uma tendência mórbida para atribuir mérito ao sucesso desportivo, uma coisa típica de quem ganha a vida a urdir castelos de falácias, ainda que indubitavelmente rendilhados e elegantes.





Neste caso, estamos diante de um indivíduo autor de um romance espetacular, A Vida Passou Por Aqui, e note-se  a morfologia do espécime Luís Francisco, usando, em substituição do cabelo, uma resma de palha de aço comprada num prestigiada drogaria da baixa Lisboeta, por onde passou a vida mas também várias substâncias corrosivas. A dado momento teceu inteligentes considerações sobre o facto de o jogo do Benfica ser agora de uma natureza completamente distinta da natureza desse mesmo jogo do Benfica há poucos jogos atrás, num gesto de rara inteligência efetuado num programa de rara beleza, esse hino ao valor comercial do tempo televisivo intitulado Contra-golpe. O tema principal do livro de Luís Francisco, segundo o resumo oficial, é uma espécie de confirmação da teoria do efeito borboleta: porque, na teia que é a vida, sempre que alguém puxa um fio, mesmo sem se dar conta, acaba por embaraçar, mais do que gostaria, as vidas alheias… Puxemos então o fio, a ver se a teoria se confirma, e se nos chega aqui qualquer coisa, um insulto, uma ameaça, um elogio, qualquer coisita, Luís Francisco.



Descendente do ilustre médico e curandeiro involuntário, Sousa Martins, uma pessoa visivelmente perdida neste lagar do mundo. Não tenho mais comentários a fazer.


A sempre jovial menina da imagem, cujo vestuário foi encomendado no alfaiate austríaco de Música no Coração, mantém um relação atribulada com a sua condição de jornalista/apresentadora/animadora futebolística. A sua inegável boa disposição é contagiante, mas por vezes arrisca piadolas de índole narrativa, procurando manobrar a causalidade do sucesso desportivo e nessas ocasiões, Pedro Barbosa, uma pessoa que incorreu na calvície à custa da causalidade do futebol, é forçado a explicar à jovial rapariga que, ainda que as regras do futebol sejam relativamente estáveis, a interpretação não é para jornalistas.



Mulher conhecida por gerar surtos de raiva em funcionários de jardinagem do Hospital de Atenas e parceira de estratégia revolucionária em curso, liderada pelo zarolho Medina Carreira, um antigo oficial de guerra traumatizado pela explosão de um granada, conhecido pelos seus constantes avisos de perigo, quer em situações de ameaça iminente, quer em situações da mais comprovada tranquilidade. No Domingo estava visivelmente abatida. Compreendemos.


Esta senhora esteve durante todo um programa de comentário ao referido jogo (utilizado aqui como estudo de caso, lembro aos leitores que passaram diretamente às imagens) a procurar desconcentrar-me, enviando mensagens subliminares, sorrisos dúbios e convites ambíguos. A propósito, escrevi um conto sobre isto, obra prima da melancolia tecnológica, que em devido momento publicarei.


Agora as conclusões, para os bravos que aqui chegaram. Gostaria de terminar parafraseando mais uma vez Taleb, o libanês: tem-se revelado, aparentemente, mais vantajoso para nós unirmo-nos na direção errada do que mantermo-nos sós na direção certa. Bem se vê como é para mim, e digo-o com sinceridade, motivo para grande preocupação o aumento do número de visitas neste blogue. O idiota assertivo é quem gera  mais seguidores, convém não esquecer, mesmo que  seja um idiota assertivo na sua aparente fragilidade de artista. Não estou com isto a ser ingrato para os que nos seguem, mas gostaria de saber que no meio da imensa colónia de psicopatas desta sociedade da informação, este espaço é uma ilha onde as pessoas têm a coragem de dizer, apesar de muito mas mesmo muito informadas e possuidoras de títulos académicos: não sei, caralho, não me perguntes nada que eu não sei. Vão à vossa vida e sejam muito melhores do que eu, pois não é difícil.

1 comentário:

condenado disse...

Às vezes posso não entender algumas nuances do que por estes posts escorre; mas essa de que os humoristas, jornalistas e apresentadores de televisão,enfim, Paulo Futres (grande maluco), Nicolau Breyner (grande tolo, especialmente especializado, como todos os outros mencionados, salve Futre, em empobrecer e disseminar as mentes dos mais pobres e vulneráveis), eruditos da música pimba, e afins, tinham imenso poder, bem, isso soube desde muito cedo.