Em Portugal, a importância que se atribui ao livro é meio mística e inversamente proporcional aos magros hábitos de leitura. De facto, só é possível mistificar algo com que não se contacte assim muito. A maior parte das entrevistas a escritores na tv tem invariavelmente perguntas sobre a sociedade, a economia de mercado (sempre desumanizante, como se sabe), a reflexão sobre os nossos tempos de relações virtuais da internet em que não conhecemos o vizinho, a condição humana, a pátria que é a língua, o subúrbio neo-realista, a inevitável piscadela de olho ao Brasil e à lusofonia, a importância de ler, a importância do livro, a importância de ler livros, o papel do livro, o livro de papel. O que acha, senhor escritor, do livro hoje em dia? O senhor escritor responde que o livro existirá sempre, embora de outras formas, que é para não ser velho, mas dirá que nada substitui o objecto papel, que é para ser clássico, arrancando sorrisos ternos ao espectador, uma vez que os escritores também se querem como referências afectivas e conservadoras. As perguntas têm como resposta algo que não foge muito ao registo do jogador de futebol que fala na importância do colectivo e de continuar a trabalhar escrevendo e lendo para o mister literatura, disposto a carregar a cruz de viver à margem da vida e coisas que tal.
(o sublinhado é nosso)
Tolan, ontem à tarde, sensivelmente à mesma hora em que este autor que vos fala se martirizava numa auto-flagelação político-institucional de grande gabarito académico.
1 comentário:
Força JJ, que o taberneiro e coelhinho da pascoa do alf não te dá descanso. Se o Benfas perder o campeonato a culpa será do taberneiro do alf, que te queimou a cabeça com tantas auto-flagelações político-institucionais de grande gabarito académico.
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