sexta-feira, 26 de abril de 2013
Dê por onde der os francófonos são incapazes de pronunciar palavras estrangeiras
A versão local da Antena 1, tem um programa "Le monde est une Village" dedicada a, advinhastes bem, à música do mundo. Na terça calhou a vez a Portugal, podcast disponível aqui. Abusaram um bocado do fado - é como o sal, tem que ser bem doseado - mas não ficámos mal na fotografia.
O título logo decido qual será
A opereta do empreendedorismo pode ter deixado alguns a pensar que nesta casa só se pega no teclado para bater nos pobres de espírito. Em parte é verdade, mas se todos os caminhos vão dar a Roma, nem todos os pobres de espírito alcançaram o céu. E desses, cá estamos nós para nos ocupar.
Ora, se a Maria (enterremos o estereótipo do empreendedor masculino) percebe umas merdas de biotecnologia (e voltámos aos estereótipos) e consegue ver uma oportunidade para fazer uns trocados, a última coisa que ela deve fazer é pôr-se a brincar com o Excel e as 1002 páginas do Código Tributário. Por uma simples razão, a especialidade da Maria não é o malabarismo fiscal mas sim a biotecnologia (uma contradição de termos, mas isso é assunto para outro dia).
Expondo por momentos a rabadilha, o autor destas linhas anda a tentar empreender desde há anos. O esforço e a dedicação variam conforme o tempo e os humores, mas o insucesso esse é constante. Por experiência própria, posso afiançar que o empreendedorismo é uma figura geométrica com três pontos focais: o que é que vamos fazer, com que orçamento e a quem o vamos vender. Os impostos só aparecem, se aparecerem, enterrados numa secção escondida no final do plano de negócios.
Curiosa coincidência, o estado-nação onde agora me encontro tem sido palco de uma acesa discussão sobre empreendedorismo entre este que vos escreve e outros operários da empresa capitalista que se apropriou dos nossos meios de produção e nos explora sem dó nem piedade. Nesta discussão os impostos nunca foram tidos nem achados. E a taxa máxima de IRC não só é mais alta na Bélgica mas, qual cereja em cima do bolo, esta tem vindo a diminuir em Portugal. Por outro lado, os impostos sobre os indivíduos passivos têm vindo a aumentar. Se isto não é um incentivo ao empreendedorismo por parte do Estado, não sei o que será.
Ora, se a Maria (enterremos o estereótipo do empreendedor masculino) percebe umas merdas de biotecnologia (e voltámos aos estereótipos) e consegue ver uma oportunidade para fazer uns trocados, a última coisa que ela deve fazer é pôr-se a brincar com o Excel e as 1002 páginas do Código Tributário. Por uma simples razão, a especialidade da Maria não é o malabarismo fiscal mas sim a biotecnologia (uma contradição de termos, mas isso é assunto para outro dia).
Expondo por momentos a rabadilha, o autor destas linhas anda a tentar empreender desde há anos. O esforço e a dedicação variam conforme o tempo e os humores, mas o insucesso esse é constante. Por experiência própria, posso afiançar que o empreendedorismo é uma figura geométrica com três pontos focais: o que é que vamos fazer, com que orçamento e a quem o vamos vender. Os impostos só aparecem, se aparecerem, enterrados numa secção escondida no final do plano de negócios.
Curiosa coincidência, o estado-nação onde agora me encontro tem sido palco de uma acesa discussão sobre empreendedorismo entre este que vos escreve e outros operários da empresa capitalista que se apropriou dos nossos meios de produção e nos explora sem dó nem piedade. Nesta discussão os impostos nunca foram tidos nem achados. E a taxa máxima de IRC não só é mais alta na Bélgica mas, qual cereja em cima do bolo, esta tem vindo a diminuir em Portugal. Por outro lado, os impostos sobre os indivíduos passivos têm vindo a aumentar. Se isto não é um incentivo ao empreendedorismo por parte do Estado, não sei o que será.
quinta-feira, 25 de abril de 2013
Uma falha colectiva da qual eu me venho penitenciar
reparei ontem, quando os olhos do mundo estavam postos no Lewandosvky, que esta casa ainda não prestou a devida homenagem ao Luka Modric, o mais próximo possível que a espécie humana consegue de um hipotético cruzamento entre o Deco e o Isaias. Saudações ao Benfas da década passada.
Mas o que me traz aqui não é a anomalia futebolística ontem sucedida em Dortmund, mas sim o post que tem uma audiência superior ao DN. Este aqui.
Se o Modric é o resultado da selecção natural aplicada aos que jogam atrás do ponta de lança, o post acima mencionado é um meme comum na blogoesfera portuguesa. Pode parecer o mesmo, mas não é. Eu explico.
É sobretudo nestas alturas de mais aperto que alguém escreve a história do Zé que é um rapaz inteligente e se lança no empreendedorismo e termina nas manápulas ensanguentadas desse monstro que é o regime fiscal lusitano. Antes de mais uma vénia à inovação, o JCD do Blasfémias fez o mesmo há um par de anos mas o rapaz na altura era o João. E agora não tenho paciência para procurar, mas aposto as chuteiras do Lewandowsky em como o Miguel Sousa Tavares, o Pedro Arroja entre outros, contaram histórias semelhantes. Que aqui sintetizo: o Zé/João é um tipo brilhante e só não inova porque o estado não deixa.
Há muito por onde agarrar, mas eu vou americamente manter os olhos no prémio e vou ao que importa. A historieta é uma falácia. Pronto, é isto.
O caminho mais provável para um empreendedor é a falência, como sabem todos os que alguma vez tentaram fazer algo na vida. Nos US of A, há uns dois ou três anos, 6 em cada 10 startups falhavam no primeiro ano. A não ser que o código fiscal americano seja igual ao português, os impostos não podem ser a causa única dos Zés e dos Joães acabarem a pedir trocados no metro do Marquês para pagar a dívida ao fisco.
Estas historietas são um pouco como os meus compadres sportinguistas que substituem a realidade por uma narrativa reconfortante. É mais fácil apontar o dedo ao Gaspar/Passos Coelho/Álvaro, do que perceber que a inovação é uma cruz que muito poucos conseguem carregar.
Mas o que me traz aqui não é a anomalia futebolística ontem sucedida em Dortmund, mas sim o post que tem uma audiência superior ao DN. Este aqui.
Se o Modric é o resultado da selecção natural aplicada aos que jogam atrás do ponta de lança, o post acima mencionado é um meme comum na blogoesfera portuguesa. Pode parecer o mesmo, mas não é. Eu explico.
É sobretudo nestas alturas de mais aperto que alguém escreve a história do Zé que é um rapaz inteligente e se lança no empreendedorismo e termina nas manápulas ensanguentadas desse monstro que é o regime fiscal lusitano. Antes de mais uma vénia à inovação, o JCD do Blasfémias fez o mesmo há um par de anos mas o rapaz na altura era o João. E agora não tenho paciência para procurar, mas aposto as chuteiras do Lewandowsky em como o Miguel Sousa Tavares, o Pedro Arroja entre outros, contaram histórias semelhantes. Que aqui sintetizo: o Zé/João é um tipo brilhante e só não inova porque o estado não deixa.
Há muito por onde agarrar, mas eu vou americamente manter os olhos no prémio e vou ao que importa. A historieta é uma falácia. Pronto, é isto.
O caminho mais provável para um empreendedor é a falência, como sabem todos os que alguma vez tentaram fazer algo na vida. Nos US of A, há uns dois ou três anos, 6 em cada 10 startups falhavam no primeiro ano. A não ser que o código fiscal americano seja igual ao português, os impostos não podem ser a causa única dos Zés e dos Joães acabarem a pedir trocados no metro do Marquês para pagar a dívida ao fisco.
Estas historietas são um pouco como os meus compadres sportinguistas que substituem a realidade por uma narrativa reconfortante. É mais fácil apontar o dedo ao Gaspar/Passos Coelho/Álvaro, do que perceber que a inovação é uma cruz que muito poucos conseguem carregar.
quarta-feira, 24 de abril de 2013
Como eu gosto destas coisas
A mesma pessoa que escreveu isto:
tenho que admitir que este Governo não merece o povo que governa. Os portugueses, mesmo aqueles que aparentemente dela beneficiaram, perceberam o absurdo da decisão do Tribunal Constitucional. A decisão do Ministro das Finanças de congelar as despesas mostra que, de facto, ele, embora não viva cá, deve estar de partida para outro lugar. Desejo-lhe boa viagem;
duas semanas depois é escolhida para ser secretário de estado. Isto encontrado num blog com tipos que percebem montes de tudo. Então assim está bem, não queremos cá malta sem competência. E por falar em competência, o Bayern ganhou ontem 4-0 com o árbitro ainda a ajudar o Barça. Que sirva de lição ao (meu) Sporting que em vez de se queixar devia era jogar à bola.
tenho que admitir que este Governo não merece o povo que governa. Os portugueses, mesmo aqueles que aparentemente dela beneficiaram, perceberam o absurdo da decisão do Tribunal Constitucional. A decisão do Ministro das Finanças de congelar as despesas mostra que, de facto, ele, embora não viva cá, deve estar de partida para outro lugar. Desejo-lhe boa viagem;
duas semanas depois é escolhida para ser secretário de estado. Isto encontrado num blog com tipos que percebem montes de tudo. Então assim está bem, não queremos cá malta sem competência. E por falar em competência, o Bayern ganhou ontem 4-0 com o árbitro ainda a ajudar o Barça. Que sirva de lição ao (meu) Sporting que em vez de se queixar devia era jogar à bola.
terça-feira, 23 de abril de 2013
A importância de se chamar Sporting, devidamente antecedida por múltiplas vénias (de frente) e um pedido de desculpas ao Oscar Wilde
O Sporting perdeu no último fim-de-semana o jogo por 2-1 como sabeis. Está agora a um ponto do primeiro lugar e será difícil levar a taça do campeonato. Mas o Sporting apesar de último no grupo está bem encaminhado e continua com os dois pés na Europa. Mas primeiro terá que passar pelo Sporting, e só se enfrentando e se superando a si próprio participará na UEFA. Tal como em Portugal, o principal adversário do Sporting é ele próprio.
Coisas tão fáceis, tão fáceis de implementar que não se compreende porque razão não foram ditas mais cedo.
Medina Carreira denunciou ontem, visivelmente perturbado, enquanto participava num debate numa estação de televisão portuguesa, como a fusão do Colégio Militar com as Meninas de Odivelas (um projecto realmente bárbaro, devo confessar) revela uma natureza pérfida e a clara e inquestionável decadência do poder político, nas suas palavras «uma coisa de paisanos» e um pouco antes de ter chamado maricas aos alunos do Liceu Camões (entre os quais se encontra, segundo julgo, Nuno Crato) em virtude de não aguentarem as cargas de ombro nos campeonatos de futebol do seu tempo (algo também comum a Viola, Capel e Wolsfswinkel) fez questão de mencionar a importância de ter sido obrigado a tomar banhos frios durante os seus nove anos de frequência do Colégio Militar. Caramba, saltei logo do sofá. Está encontrada a solução para a crise económico-financeiro-moral da nação. Pais e mães de Portugal, é mergulhar as crianças em água fria logo pela manhã, enfiar um fato castanho, espetar com um barrete parvo daqueles dos carregadores dos hotéis de luxo no alto da cabeça dos mancebos, marchar em volta da praça mais próxima pelo menos 20 minutos cada dia, e dentro de 20 anos estaremos a crescer a 20%.
segunda-feira, 22 de abril de 2013
Quando é a beleza a magoar a dor é muito mais profunda.
Não sendo eu um adepto do jornalismo desportivo - pois não há actividade humana mais imediata e efémera do que o futebol e por isso os atletas são hiperbolicamente remunerados, sendo justo que assim seja - não posso deixar de fazer uma incursão na psicologia social da derrota, algo em que nos temos vindo a especializar com esmero, sobretudo depois de Aníbal Cavaco Silva se ter transformado no player fundamental e duradoiro da geringonça constitucional de que fazemos parte ao menos como remadores de porão. É sobejamente conhecido por cada poro do nosso organismo animado o universal facto de sermos todos portadores de ódios particulares, intensos, resilientes, e não é pois necessário fazer prova da raiva nutrida pelo adepto sportinguista comum relativamente ao seu mais directo oponente e rival de sempre, a colectividade um dia intitulada por João Cutileiro os «Superportugueses do Sport Lisboa e Benfica» num artigo sociológico publicado nessa revista bizarra, O tempo e o modo, em que procurou fundamentar com dados empíricos, estupidamente objectivos, a abrangente fenomenologia da vitória benfiquista como mecanismo popular nos dolorosos e gloriosos anos sessenta do século XX.
Para lá das cento e dez grandes penalidades não assinaladas no jogo de ontem à noite, e colocando de parte as vinte e uma cartolinas encarnadas não mostradas diante das faces vibrantes dos atletas da Luz, o que sobretudo magoa os observadores apaixonados e adversários da equipa de Lima e companhia (equipa que lembre-se enverga camisolas da cor das papoilas saltitantes) é a espectacularidade imperial da vitória benfiquista, engalanada por um segundo golo em que o sentido da indignação e a estética moral do protesto, cozinhada em alto-forno durante quase noventa minutos de vãs esperanças, se estilhaça sem remédio perante o talento puro, a irreverência quase anárquica, a quase incompreensível e audaciosa irresponsável desorganização atacante, o controlo eficaz daquilo que conta num jogo (o golo), a harmonia frutífera e trabalhosa da correlação de esforços, o entendimento antecipado e a computação automático dos movimentos colectivos, o maquinal funcionamento com que cirurgicamente foi esmagado o pobre esforço de oposição daquela ridícula agremiação de jovens promessas lideradas pelo considerado senador do futebol português Jesualdo Ferreira (risos), ainda para mais alienados e iludidos pelas hostes portistas, injetados de entusiasmo por todos os comentadores e jornalistas durante toda a semana. O que sobretudo magoa todos os observadores e apaixonados rivais do Sport Lisboa e Benfica, somos forçados a repetir, é dinâmica corrosiva resultante do confronto com a incapacidade, a explosão violenta de impotência e o claro sinal de que nada há de mais doloroso do que o sofrimento nascido do desengano quando a realidade nos cai em cima com a sua cortante beleza. É quando os sonhos são sonhados nos cantos escuros dos quartos periféricos e húmidos, e alimentados por uma incrível pobreza de qualidades interiores e exteriores, é quando o desejo de vingança e vitória decorre de uma estratégia baixa e manhosa perante o acumular de humilhações e opções erradas, é quando a qualidade da harmonia e do equilíbrio corajoso triunfa perante todas as rasteiras estratégias de sobreviência fundadas em manobras de improviso e receio, é nesse imortal e redentor momento que as pessoas mais infelizes, frustradas e incapazes se revelam violentas e perigosas em toda a sua brutalidade. Neste sentido, foi para mim uma gratificante e refrescante shakespereana surpresa ouvir as apesar de tudo elegantes declarações de Bruno Carvalho, o homem em quem neste momento pesa toda a remota esperança de sobrevivência do Sporting Clube de Portugal. Mas temo que como em toda a organização decadente e em queda, o palco acabe sempre ocupado por pessoas da estirpe psicológica de um Rui Oliveira e Costa, apenas um apelido pendurado na parolice e no descontrolo contumaz, e pobremente um dos mais cristalinos exemplos das razões que nos trouxeram, a nós Portugal, ao triste local onde nos encontramos.
Para lá das cento e dez grandes penalidades não assinaladas no jogo de ontem à noite, e colocando de parte as vinte e uma cartolinas encarnadas não mostradas diante das faces vibrantes dos atletas da Luz, o que sobretudo magoa os observadores apaixonados e adversários da equipa de Lima e companhia (equipa que lembre-se enverga camisolas da cor das papoilas saltitantes) é a espectacularidade imperial da vitória benfiquista, engalanada por um segundo golo em que o sentido da indignação e a estética moral do protesto, cozinhada em alto-forno durante quase noventa minutos de vãs esperanças, se estilhaça sem remédio perante o talento puro, a irreverência quase anárquica, a quase incompreensível e audaciosa irresponsável desorganização atacante, o controlo eficaz daquilo que conta num jogo (o golo), a harmonia frutífera e trabalhosa da correlação de esforços, o entendimento antecipado e a computação automático dos movimentos colectivos, o maquinal funcionamento com que cirurgicamente foi esmagado o pobre esforço de oposição daquela ridícula agremiação de jovens promessas lideradas pelo considerado senador do futebol português Jesualdo Ferreira (risos), ainda para mais alienados e iludidos pelas hostes portistas, injetados de entusiasmo por todos os comentadores e jornalistas durante toda a semana. O que sobretudo magoa todos os observadores e apaixonados rivais do Sport Lisboa e Benfica, somos forçados a repetir, é dinâmica corrosiva resultante do confronto com a incapacidade, a explosão violenta de impotência e o claro sinal de que nada há de mais doloroso do que o sofrimento nascido do desengano quando a realidade nos cai em cima com a sua cortante beleza. É quando os sonhos são sonhados nos cantos escuros dos quartos periféricos e húmidos, e alimentados por uma incrível pobreza de qualidades interiores e exteriores, é quando o desejo de vingança e vitória decorre de uma estratégia baixa e manhosa perante o acumular de humilhações e opções erradas, é quando a qualidade da harmonia e do equilíbrio corajoso triunfa perante todas as rasteiras estratégias de sobreviência fundadas em manobras de improviso e receio, é nesse imortal e redentor momento que as pessoas mais infelizes, frustradas e incapazes se revelam violentas e perigosas em toda a sua brutalidade. Neste sentido, foi para mim uma gratificante e refrescante shakespereana surpresa ouvir as apesar de tudo elegantes declarações de Bruno Carvalho, o homem em quem neste momento pesa toda a remota esperança de sobrevivência do Sporting Clube de Portugal. Mas temo que como em toda a organização decadente e em queda, o palco acabe sempre ocupado por pessoas da estirpe psicológica de um Rui Oliveira e Costa, apenas um apelido pendurado na parolice e no descontrolo contumaz, e pobremente um dos mais cristalinos exemplos das razões que nos trouxeram, a nós Portugal, ao triste local onde nos encontramos.
domingo, 21 de abril de 2013
sábado, 20 de abril de 2013
Há uma primeira vez para tudo
O Wong Kar Wai lá fez um filme que não é uma história de amor. Algum dia teria que acontecer. O que tarda em acontecer é eu compreender pelo menos metade das referências dos filmes dele.
sexta-feira, 19 de abril de 2013
Explicação da crise infalivelmente científica calculada em folha excel à prova de vigarice.
Esta pessoa, irritantemente capaz de zombar ignobilmente de um curso intitulado História Intelectual da Europa, não estará por acaso perigosamente ao nível intelectual da Fátima Lopes com tudo o que isso significa de externalidades negativas ao nível das merdas todas com um mínimo de valor comercial? Não deveriam as pessoas moralmente irrepreensíveis, e comprometidas com uma concepção da Democracia como coordenação geral das escolhas individuais, estar neste momento perfeitamente aterrorizadas com as consequências desta perigosa pirotecnia social?
Democracia mas só até ao pescoço.
Dando seguimento à minha série de textos e colagens em torno do sistema político hodierno, e nunca abdicando de introduzir o incentivo necessário no aparelho mental de todos aqueles que ainda não lobotomizaram o seu sistema nervoso em face da insuportável dor de sustentar um raciocínio minimamente organizado, quero lembrar que é por causa destas merdas que a esquerda não consegue uma consequência relevante para os seus hagiográficos esforços de indignação. Quanto dinheiro enterra o Estado-nação em impostos na formação de uma elite médico-sanitária cujos serviços vão depois ser potenciados em 90% dos casos por interesses privados altamente especulativos e totalmente segmentados, separados, revolucionariamente desprendidos de qualquer estratégia nacional de saúde pública? Quanto do rendimento mensal do preto de Massamá não é diretamente engolido e metabolizado pelos organismos médico-dentários privados de uma classe que, por motivos óbvios, nada tem feito para democratizar dentes brancos e lavados na boca de toda a gente? Quem já conseguiu um consulta dentária no Serviço Nacional de Saúde? Eu próprio não entro num dentista há mais de cinco anos, de tal forma me sinto sodomizado por uma economia médico-terrorista que faz do medo e da vergonha o seu multiplicador de rendimento. Que pratiquem a prática na boca uns dos outros ou que vão pedir aos consultórios privados para se quotizarem que a nação, para esse peditório, já deu o suficiente.
quarta-feira, 17 de abril de 2013
Não é nada que me surpreenda, mas basear toda uma política no excel dá nisto:
sexta-feira, 12 de abril de 2013
A democracia é isto mesmo.
Para os que nestes dias sentiram a minha falta venho por este meio fazer uma pequena interrupção no meu ascético silêncio (grande demonstração de que se vos escrevo aqui é só para confirmar a minha infinita generosidade, uma vez que isto chega a dar trabalho puxado a sacrifícios pessoais inestimáveis e retorno nem vê-lo) para declarar uma outra vez o meu amor profundo à Inglaterra, berço da liberdade, coração do fair-play, terra do primeiro e mais velho sonho de uma noite de Verão, útero da perpétua confiança na natureza humana. Meus caros leitores, quando veremos, por exemplo, na bancada do imortal estádio José Coimbra da Mota, uma horda de adeptos a cantar «Nós vamos dar uma festa quando o Cavaquinho Silva morrer?» e não se pense que isto no momento de vitalidade do dito Cavaquinho como alto dirigente da República mas sim quando o Cavaquinho Silva estiver a agonizar numa cama com os parafusinhos todos desapertados? Que grande lição democrática da democracia democraticamente anárquica. Adeus.
quinta-feira, 11 de abril de 2013
O mito.
Talvez mais, não certamente mais, que o frio e o céu permanentemente cinzento-suicída, o que me chocou mais na Bélgica foi o ambiente profissional. Vim à espera de encontrar um paraíso de profissionalismo e saber fazer, e deparo-me com Portugal um pouco mais disciplinado e metódico. Um pouco, mas não muito. E não pensem que os súbditos de Alberto II passam o tempo a coçar a micose, pois a Bélgica é um dos países mais produtivos do mundo. Mesmo fazendo o desconto da tortura dos números (a Noruega é a primeira da lista), isto não deixa de ser impressionante.
Portanto, o Ganhem Vergonha falha o alvo. O problema não reside nos estágios de borla ou nos baixos salários. São sintomas, não são causas e não vale a pena eu explicar, o Pedro Leitão já explicou. Posso acrescentar que o ideal operário do tuga desenrascado é um dos mitos que mais nos tem colectivamente fodido. Confirmo que já fui profissionalmente enrabado por quatro nacionalidades diferentes, com toda a pinta diga-se, porque tinha a mania que a desenrascar é que se trabalha bem.
Olhando para trás, bem estúpido fui eu quando me ria das burocracias do ISO-9001 ou do MISRA-C (lamento, este blogue não é só Borges e Nabokov). A institucionalização de processos de trabalho é a morte do artista do desenrascanço, mas é também o que me permite picar o ponto às 16h30 da tarde sem sentimentos de culpa por deixar o trabalho a meio.
No entanto o Ganhem Vergonha acerta num ponto; também, disparam com zagalote de 12 e nalguma coisa haviam de acertar. É incrível a falta de respeito e dignidade por quem trabalha em Portugal. E não estou a falar dos baixos salários, que são consequência da baixa produtividade, e a esquerda que vá mamar na quinta pata do cavalo. Muito pato-bravo, engravatado porque fica melhor na TV, trata os empregados abaixo de cão porque imagina que só assim os madraços dão lucro.
segunda-feira, 1 de abril de 2013
Sabemos que vamos no bom caminho
quando o pico do nosso fim de semana de Páscoa foi ter visto o filme da Barbie com a pequena e ter descoberto o segredo das fadas.
Subscrever:
Mensagens (Atom)