O Eduardo Pitta, além de escrever em várias publicações de renome e nomeada, ter vários e muitos conhecidos amigos em todas as gavetas e portas do sistema, e ser uma pessoa impressionantemente espectacular, mantém um blogue com mais de 1000 visitas diárias, denominado muito apropriadamente Da Literatura, onde 80% do conteúdo versa sobre temática política, seguindo-se a consequente argumentação quase sempre pífia, mas muito indignada, diga-se em abono da justiça moral. A prosa de Pitta é monopolizada por um compromisso inabalável com a denúncia da iniquidade do inqualificável actual governo da república portuguesa, o que me parece manifestamente um desperdício de tempo - o próprio governo desempenha essa tarefa de forma muito mais profunda, consistente e eficaz. Em todo caso, impressiona sobretudo - o que é preocupantemente pertubador - o sinal claro do que se entende por literatura no meio cultural português: argumentação politica e económicamente estratégica - sem ponta de visão sistemática - quase tão analfabeta quanto a dos deputados e comemoração elegíaca ou congratulatória perante os vultos da «cultura», e isto estando nós em teoria diante de um desalinhado. Meu Deus, o que seria se estivessemos diante de um porta-voz do regime cultural e político.
Devo partilhar, apesar de tudo, a minha satisfação e gáudio por saber que o tão injustiçado O Anjo Branco de José Rodrigues dos Santos - a única obra da história mundial da literatura que arrisca uma inesquecível e patológica abertura de 9 páginas em torno da pilinha do pai do autor - é um livro eloquente e de grande clareza. Do mesmo modo, não posso esconder a grande tranquilidade que me envolveu ao ser notificado com o facto de alguns prémios literários - atribuídos aos macacos de feira disponíveis para a festa, e que por aí se anunciam com tanto estardalhaço para enganar os pobres consumidores - não passarem afinal de uma parca merenda oferecida aos operários intelectais que mais sustentam o regime, em virtude da colaboração ridícula - e pelos vistos muito mal paga - que desta forma prestam aos esteios empresariais da corrupta democracia angolano-portuguesa, mesmo que depois se multipliquem em petições sobre a indignidade do governo e manifestam o seu apoio às investigações de Rafael Marques sobre o tráfico de diamantes. Se é isto a literatura, não contem comigo. Mas parece que o Tolan está disponível.
Devo partilhar, apesar de tudo, a minha satisfação e gáudio por saber que o tão injustiçado O Anjo Branco de José Rodrigues dos Santos - a única obra da história mundial da literatura que arrisca uma inesquecível e patológica abertura de 9 páginas em torno da pilinha do pai do autor - é um livro eloquente e de grande clareza. Do mesmo modo, não posso esconder a grande tranquilidade que me envolveu ao ser notificado com o facto de alguns prémios literários - atribuídos aos macacos de feira disponíveis para a festa, e que por aí se anunciam com tanto estardalhaço para enganar os pobres consumidores - não passarem afinal de uma parca merenda oferecida aos operários intelectais que mais sustentam o regime, em virtude da colaboração ridícula - e pelos vistos muito mal paga - que desta forma prestam aos esteios empresariais da corrupta democracia angolano-portuguesa, mesmo que depois se multipliquem em petições sobre a indignidade do governo e manifestam o seu apoio às investigações de Rafael Marques sobre o tráfico de diamantes. Se é isto a literatura, não contem comigo. Mas parece que o Tolan está disponível.
5 comentários:
começo a pensar que nessa coisa da literatuga são mais os prémios que os premiáveis...
subscrevo o comentário do AM:)))
confessa la que a unica razao para escreveres este post foi para poderes dizer "A prosa de Pitta"
Fodaçe!!!... sem ofensa és uma picareta postante e eu não dou vazão a tanta prosa. Quero dizer, não consigo comentar em tempo útil.
Para desfrutar da polifónica harmonia, sedutora clareza, fulgurante conhecimento e coloridos reflexos dos teus homéricos posts… tenho de os ler com vagar e pausa. Leio um parágrafo… faço uma pausa. Leio outro… outra pausa. Volto atrás, leio outra vez os dois parágrafos e invade-me uma tal beatitude que nem janto. Oh pá é difícil tás a ver???!!!
Mas concordo, oh lá se concordo. Acho alf, que tens um futuro brilhante, mas mal remunerado, à tua frente. Lá para os 70, quando estiveres no badagaio da bílis, és gajo pra te darem um prémio, no qual tu cagarás muito de alto. Nota que estou no gozo mas não no gozo, convém esclarecer as merdas.
Bom, resumindo. Só discordo que 9 páginas a falar da picha do pai seja patológico. Eu não li, mas deve ser um comovente: quem sou, de onde venho?... dali… fodaçe, nada sou!!!
Tu é que dás uma importância aos prémios... Não sei se há mais vaidade na recusa de um prémio do que na sua aceitação. Eu nem vejo os prémios, vejo é o dinheiro que dão. O ego do criador é indiferente. Receber um prémio literário, fazer uns powerpoints e andar de fato e gravata... tudo igual. Aliás, até já fiz uma apresentação ao Zeinal Bava, muitos slides, durou três horas, foi o resultado de dois meses de salário. Troco isso de bom grado por um cheque de 17 mil, um pequeno discurso no Ibirapuera e tudo por nada, afinal de contas, o livro estaria escrito, tinha sido feito por mim, sem interferência e não era o prémio que ia alterar esse livro ou o próximo ou os próximos... quando muito, ira dar-me mais tempo para os fazer. Não seria a primeira vez que tinha de ir a São Paulo em trabalho. Só que seria mais bem pago e a troco de nada, visto estar o trabalho todo feito. Ai Alfie, tu levas tudo mortalmente a sério, que flores de estufa que são os artistas sonhadores... Recusa um prémio quando receberes um, isso é que é bonito.
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