«O grande mistério das coisas é as coisas não terem mistério nenhum»
Fernando Pessoa
«A estupidez ignominiosa das pessoas só constitui um problema
para quem tem um problema com a estupidez ignominiosa das pessoas»
alf
Por motivos que me envergonham profundamente,
apenas hoje passei os meus olhos cansados, humilhados, derrotados, pelos
duplamente fantásticos O Arrumadinho e A Pipoca qualquer coisa,
retendo eu apenas e com grande dificuldade no meio da fulgurante síncope que de
imediato me atingiu (obrigando-me a agarrar com esforço o tampo da mesa de
fórmica da cervejaria onde me encontrava e derrubando um pires inteiro de
tremoços que o dono careca e minhoto do estabelecimento acabava de me
disponibilizar, entre um comentário acertado sobre a estratégia de fundo de Godinho Lopes e uma demonstração consistente da absoluta inadequação do Bolo-de-arroz para jogar com Xandão) retendo eu apenas desse traumático momento, repito - atrapalhado, desorientado, perdido
- que esta última personalidade, a Pipoca, apresenta uma média de 34 177
visitas diárias (é do caralho, é que é mesmo do caralho este nosso incompreensível mundo onde sofremos exilados o enigma da beleza e do horror) no seu inacreditável e transcendentalmente metafísico blogue.
Com grande humildade, agradeço vivamente às forças mefistofélicas da realidade
o batismo de fogo em que acabo de ser santificado. Eu sei que os mais velhos,
calejados e doridos pelos poderosos murros da estupidez, experientes na sua
dor, que há muito domesticaram, insensíveis aos nossos sofrimentos diários para relatar a miséria de nos sabermos vivos, humanos, falíveis, limitados por uma realidade que embora existindo - e isto é muito importante - não podemos conhecer com rigor, sorriem agora com troça dos entusiasmos da
juventude, dos sonhos ingénuos das almas sensíveis, das esperanças dos puros de
coração; mas nesta ausência de quarenta invernos onde nos encontramos ignominiosamente
encerrados, hoje é o dia da minha definitiva capitulação diante de todos os
infortúnios e oiço já as gargalhadas dos cínicos nas minhas costas.
De hoje em diante, não mais o esbracejar do adolescente Werther em face do desejo, não mais a indignação do velho general romano humilhado no seu regresso à velha República, não mais o rancor da magoada Medeia traída pelo seu amado, não mais a fúria invejosa de Rei Lear perante o seu reino disputado, não mais o velho capitão perneta de arpão negro recortado contra o azul puro do céu, não mais o magoado escrivão repetindo a rotina da sua destruição, não mais as lágrimas surpreendidas de Julieta diante do abismo do desejo negado pela natureza, não mais a espiral metafórica de Marcel recordando o perdido quarto da infância, não mais, não mais, não mais, pois há qualquer coisa de profundamente justo e grandioso no insulto que o mundo forja para nos engrandecer na nossa constante e inadiável queda quotidiana a caminho da exterminação.
De hoje em diante, não mais o esbracejar do adolescente Werther em face do desejo, não mais a indignação do velho general romano humilhado no seu regresso à velha República, não mais o rancor da magoada Medeia traída pelo seu amado, não mais a fúria invejosa de Rei Lear perante o seu reino disputado, não mais o velho capitão perneta de arpão negro recortado contra o azul puro do céu, não mais o magoado escrivão repetindo a rotina da sua destruição, não mais as lágrimas surpreendidas de Julieta diante do abismo do desejo negado pela natureza, não mais a espiral metafórica de Marcel recordando o perdido quarto da infância, não mais, não mais, não mais, pois há qualquer coisa de profundamente justo e grandioso no insulto que o mundo forja para nos engrandecer na nossa constante e inadiável queda quotidiana a caminho da exterminação.
Um beijinho aos dois, com votos de muitas felicidades e força nessa descida tenebrosa por abismos de fogo e gelo a caminho do esquecimento.
6 comentários:
Fodaçe alf. Assim por alto, fora um livrito ou outro que às vezes me ponho a ler e uns artigos de opinião a que uma vez por outra dedico alguma atenção, arrisco seres o gajo que mais tempo me tomas em leituras. Se contabilizar os comentários que por vezes começo a escrever aos teus posts e que depois borregam por não serem coments mas relambórios… tás-me a sair caro –naquela do tempo ser dinheiro e do dinheiro ser tempo e sendo eu teso ter pouco tempo… uma merda assim do camus- !!!
Antes que me peças que te assista no seppuku e faças harakiri com um canivete suíço pra que te brotem do bandulho tremoços inteiros como sóis inúteis… acalma-te pá.
Fui espreitar esses tais de coisos e percebi logo tudo. Percebi tudo porque eu sou um gajo que percebe tudo daquilo que percebo tudo, há coisas que percebo mal e outras que nem percebo, mas daquilo que percebo tudo posso dizer que percebi tudo.
Numa data que não posso precisar e num lugar que também desconheço, pousou/aterrou uma nave metalobiótica de cujo ventre (ou bojo devido á natureza da coisa será um e outro ao mesmo tempo), brotaram seres, que se multiplicaram em progressão geométrica em quantidade e se complexizaram em qualidade, com o objectivo de colonizar o planeta e substituir a espécie dominante: o gajo complicado que se interroga sobre as merdas que realmente são merdas.
A estratégia é linear, mas eficaz. Crescer como cogumelos, formular questões sobre merdas que não passam de merdas.
O gajo complicado, confrontado com hordas destes alienígenas que disparam questões sobre merdas que não passam de merdas, fica tenso e desnorteado… fodaçe mas isso são merdas que não passam de merdas!!!... e as minhas merdas que realmente são merdas???... entra em descompensação e daí ao suicídio, ao alcoolismo, ao gastar dinheiro em roupas de marca ou ao interesse pelo crescimento da oferta do petróleo… é um passo.
Acalma-te pá. Volta á cervejaria, bebe a imperial come os tremoços e olha outra vez… vais ver que já não estão lá. É que nem a nave aterrou/pousou nem do bojo/ventre saiu nada… tudo não passa duma alucinação provocada por fungos microscópicos, esses sim, espalhados por uma nave matalobiótica que… bom isso já é outra história e este comentário já vai longo, mais meia dúzia de caracteres e também não o publico.
Tem calma :) alf.
Culpo o Tolan pela perda de inocencia do Alf.
heheheh
O Pessoa sabia... :)
não se arme no Werther da blogosfera :)
Deixa lá isso, pá. Mesmo que não digam nada tens pessoas que silenciosamente te escutam. Ao menos não tens comentários do tipo "tão fofinho" ou "ai que querido", como tolan. Aqui o goucha dissimulado não poisa mais que cinco segundos. E mais vale escrever sobre o efeito da revolta do que lamber o pénis que todos os dias nos sodomiza. Sodomizados, talvez, mas sempre a espernear.
isto é a barbie e o ken? foda-se, quando eu era puto e dava-me as curiosidades, despia as barbies e os kenes da minha irmã e... foda-se, que se não fosse a colecção de ginas do meu pai a minha infância tinha sido uma tristeza do caralho!
por isso, eu é mais ginas.
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