quarta-feira, 24 de outubro de 2012

O mundo é plano ou o amor em tempos de crise

No fim de cada oração vem o Ámen!!! Muitos, se tivermos medo. Resta-nos estar com o vazio do mundo nas costas, mais borrados de medo que o Jesus, o Jorge, na Rússia – quiçá ainda recordado das lições da infância que lhe incutiam tacitamente o medo de um contra-ataque da organização política e económica de um regime que comia criancinhas. Era como se – para Jesus perceber– o el dourado consumista jogasse, por assim dizer, com demasiado espaço entre linhas, expondo-se a infiltrações e possíveis derrotas decisivas contra um opositor bom de bola, mas não suficientemente disciplinado para aguentar 90 minutos sempre concentrado. Claro que esse regime se vê agora empatado por falta de treino e pela ressaca de uma bebedeira constante de vitórias, quase gerais, não obstante um pequen derrota aqui e ali. Bêbados não de vinho mas de shots, porque a bebedeira se quer pela bebedeira, não pelo prazer de beber.
 
 
E aparentemente, sublinho o aparentemente, acabou-se o álcool, talvez porque, sagrados comentadores, a festa foi excessiva, talvez porque não cuidou da sua reprodução, talvez, e aqui já digo eu, porque o contrabando e o álcool pelo álcool nos esteja a deixar loucos por uma bela bebedeira, das boas, das verdadeiras, com prazer no cambalear. Bêbado estava eu, e continuei, despejando uma garrafa de licor Beirão, bem melhor que o xarope para  a tosse que ando a tomar, enquanto na passada segunda a Fatinha, tal como um barril que ferve por dentro de uma substância emprestada e, claro, temporariamente, falava de algo que não é dela e que desconfio que pouco lhe conhece o sabor. Falava de amor em tempos de crise. É verdade, amor em tempos de crise, como se Medina Carreira e a sua reluzente careca, arrebatando diariamente o prime time da tv, nos cerceasse todo o desejo, nos tirasse qualquer tusa mais atrevida que uma jovenzinha repórter das tvs se louvasse a despertar enquanto relata um qualquer terrível acidente de trânsito como se dum gelado do Santini, escorrendo pelo peito abaixo, se tratasse. Sim, percebo agora melhor Cronenberg.
 
 
E quem convidou a Fatinha? A malta da literatura. Não vou discutir a oposição entre crise e amor. Nem merece discussão. Mas vejamos. A naftalina académica a falar de amor? Isto é digno de ser classificado como uma grande heresia pela Inquisição, com desmembramentos, tortura e excomunhão por fornicação, e por falta dela, até à sexta geração. É uma espécie de fornicação invertida. Até a imagem de penetração capitalista no mundo chinês é mais sexy que isto; até o Jesus a mastigar a pastilha provoca mais inquietação interior, mesmo que não se repare na jovem moscovita que atrás dele – atrás é sempre uma palavra a utilizar quando o tema é este – se agita. Não vi mais do que 5 minutos, dada a tamanha e precoce ejaculação de estupidez e de falta de sentido. Mas deixo uma sugestão à RTP: substitua todos os entendidos comentadores de várias áreas com a mestria com que o fez até aqui. Desempregados a falar de emprego; pobres a falar de dinheiro; bailarinas a falar de futebol e esfomeados à frente de programas de culinária. Pior não ficaria!! Tenham medo. Eu tenho. 

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