Ontem à noite fomos justa e merecidamente brindados com um momento espectacular onde o mais garretiano dos artistas nacionais, Luís de Matos, fez alguns movimentos com os braços desnudos, para gáudio de Pedro Passos Coelho, o mais filho da puta dos políticos da Damaia, e Francisco José Viegas, o mais Bulhão Pato dos políticos nacionais. Não vou aqui desenhar sobre material já mastigado, e qualificar o evento como propaganda de classe Z, mas devo dizer que tudo aquilo cheirava a musical americano mas interpretado por pessoas oriundas do Burundi, sobretudo no momento em que Luísa Sobral, um dos mais injustificados sucessos musicais portugueses depois de Lena d'Água, invadiu o palco com toneladas de poeira, adereços dignos do pior La Feria e um som tão guturalmente inverdadeiro que tudo aquilo me fez correr para a cozinha a queimar os pulsos no fogão, para garantir que não tinha sido raptado pelos americanos e levado para um cave no Kentucky, onde me obrigavam a televisionar espectáculos de liceus de província no Texas dos anos 50. A dado momento, Herman José, provavelmente embriagado, interpretou uma mariscada mascarada de jazz, arrastando o evento para uma dimensão insuportável, o que me traz onde queria chegar desde o início. No canal 2, Paula Moura Pinheiro, cuja descendência dos abades de Cristelo e dos Alcaides de Barcelos parece incontestável, chegou herculeamente ao fim de mais um Câmara Clara sem saltar para cima da mesa e se satisfazer a si própria com o poderoso volume de Charles Dickens que tão galhardamente manuseou em longa conversa com duas cabeleireiras professoras na Universidade Católica que, alegadamente, sabem muito sobre literatura e estão, ao que parece, a organizar uma exposição inolvidável sobre o supracitado escritor, uma pessoa que além de várias amantes tinha o supremo condão de não ter agenda política. Continuo a não vislumbrar qualquer retoma dos indicadores intelectuais portugueses o que significa que está tudo bem.
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