A situação política de Portugal deixou de me interessar desde ontem à noite, quando pela primeira vez em cerca de quinze anos silenciei furiosamente um comentário de EduardoBarroso sobre o derby com o comando da televisão, enquanto regressava à leitura de O Tumulto das Ondas, claramente a mais espectacular bofetada na minha biografia intelectual desde Os aneis de Saturno, descontando, como é evidente, a obra de walter hugo mãe, que representou no electrocardiograma das minhas frequências literárias o mesmo que o desembarque na Normandia nas areias de Cabourg, uma sensação de botas militares desesperadas por me pontapearem com todo o entusiasmo libertador que é possível num indivíduo munido com umas botas militares. O facto é que uma doença que me condicionava a arrumação do espaço mental parece estar a ser vítima de uma cura milagrosa, sem que seja necessário tecer aqui comentários em estilo Casanova sobre os fantásticos poderes taumatúrgicos da literatura. Se António Pedro Vasconcelos continua a representar qualquer coisa entre Viseu e um filme de que gostamos mas apenas até aquela parte em que o vietnamita começa a grunhir ideias de vingança por lhe terem chacinado a família, é preciso reconhecer que Silvío Cervan, não obstante a subida vertiginosa que representa numa comparação performática com Fernando Seara, terá, mesmo assim, que deixar de contar com o meu apoio telepático, porque eu, alf, acabei de me libertar destes programas merdodos para me entregar, de uma vez por todas, e definitivamente, aquela actividade que tanto fascinava George Sand e Virginia Woolf, duas mulheres que não renegariam dirigir o plantel do Sporting se este alguma vez se transformasse numa equipa passível de ser orientada por pessoas munidas de um sistema portador de relações neuronais.
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