Depois de oito jornadas repletas de pontos sonegados, arbitragens odiosas, roubos de catedral, penalidades simuladas, golos mal anulados, eis que Jorge de Sousa inaugura uma nova era arrancando no harmonioso recinto do Sporting Clube de Braga (que de 1º Maio passou a denominar-se Axa, sinal dos tempos) uma espectacular exibição que pode guindar a arbitragem portuguesa a patamares tão altos, mas tão altos, que estou neste momento a pensar ao nível de um décimo segundo andar num prédio da Avenida dos Bons Amigos no Cacém. Era tempo de colocar um ponto final na vergonhosa situação de um paraguaio desconjuntado caminhar vertiginosamente para o dobro de golos do prodigioso Falcão, para não falar de relações proporcionais com o número de golos marcado por uma equipa que veste riscas verdes e cujos adeptos são conhecidos pela lendária parcimónia. Quanto a Luisão, que dizer quando o seu nome se encontra estampado na capa do génio literário? Refiro apenas que ontem me pareceu ter chegado, finalmente, aos novíssimos autores de língua portuguesa alguma clarividência, pois pareceu-me ter avistado na capa do último livro de Luísa Costa Gomes, o título «Luisão». Corri à banca das novidades da Fnac, tropeçando num careca que se preparava para subir a escada rolante e que não hesitou em disparar: «vê lá isso, ó palhaço». Ou porque o insulto atingiu um nível sensível do cortéx cerebral, ou porque o careca pecava pela ausência do uso do desodorizante, vi-me na obrigação de conter o entusiasmo. O título era na verdade «Ilusão, ou o que quiseres», o que me devolveu a uma realidade mais consentânea com as belas letras pátrias, isto é, uma agonizante e agoniante falta de qualquer coisa que seja para dizer. Cara Luísa: o que eu queria mesmo, já que sugeres, é que tu escrevesses qualquer coisa que mereça o papel em que vai impresso. A arbitragem de Jorge de Sousa pode devolver ao futebol a imprevisibilidade a que estávamos habituados em anos anteriores, isto é, quando se trata de jogos decisivos, a que minuto do tempo regulamentar é que o Benfica vai ficar reduzido a dez jogadores? Não foi Aimar, foi Cardozo. Continuará a não ser nunca um problema.
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