sábado, 24 de outubro de 2009

Sobre o ranking de Portugal e a liberdade de imprensa

Comecemos com um texto de Orwell que era suposto aparecer como um prefácio ao livro "Animal Farm". Neste prefácio Orwell pretendia tonar público o facto de qualquer crítica ao governo da URSS ser activamente suprimida pela imprensa inglesa.
Este estranho fenómeno devia-se ao facto de a Segunda Guerra Mundial ainda estar a decorrer e como tal não se queria dar a conhecer às pessoas as atrocidades várias cometidas a mando de Stalin.
Orwell expõe pela primeira vez (tanto quanto eu saiba) a forma que estados ditos democráticos têm de controlar a sua população e marginalizar opiniões dissidentes. Novamente existe uma pretensa liberdade e essa liberdade tem que ser constantemente propagandeada de modo a que as pessoas a tomem como sendo certa.

Mas como já foi aqui escrito num post anterior a maior parte das pessoas tem acesso a informação através dos mass media e estes são frutos de corporações e a visão que fornecem do mundo é fortemente distorcida e incompleta.

É verdade que estes mecanismos são mais fortes nos países mais poderosos mas ainda assim a sua actividade não deve ser menosprezada em Portugal.
Vários exemplos podiam ser dados de pretensas verdades que mais não são que mentiras, e de muitas verdades incómodas que não são noticiadas uma vez que a ralé tem é que discutir todo o tipo de assuntos tangenciais e deixar os que fazem dinheiro continuar a fazer mais dinheiro.



Deste vídeo muitas coisas poderiam ser ditas mas a que quero focar é um processo muito simples, mas muito eficaz, de se controlar o pensamento de uma população: faz-se a asserção do oposto de um assunto para se controlar a discussão desse assunto. O exemplo de dado é a natureza das fontes de informação. Por esse mundo fora o que se assume é que os media são parciais para a esquerda e o que se faz é afirmar isto mesmo. Assim sendo o que se discute é quão a esquerda são os media e não se os media são de facto parciais e se sim qual a natureza política dessa parcialidade.
Este é um modo de argumentar que não se deve menosprezar porque de facto é muito convincente. Totalmente falacioso, mas muito convicente. A atenção das pessoas é distraída para uma direcção e depois aí acaba por ficar como não é capaz de fazer o melhor prestidigitador.

O que estou a tentar dizer é que rankings de liberdade de imprensa não querem dizer muito. Porque, das duas uma, ou a imprensa enquadra-se num país de regime totalitário e, trivialmente, não é livre; ou então a imprensa enquadra-se num país dito democrático e nesse caso tem toda a liberdade de transmitir os factos e opiniões respeitáveis/aceitáveis que formarão cidadãos devidamente formatados e preparados para o seu lugar no mundo.

Mas a mim o que me espanta espanta mesmo é a posição 124 da Venezuela. Só isso já me diz o real valor deste "estudo".

3 comentários:

garibaldov disse...

O que eu acho cómico é a assumpção que muita gente faz da independência desses "repórteres sem fronteiras", como se fosse fácil neste mundo globalizado e desinformado, eles terem o veredicto final sobre quais as verdadeiras influências nos media. Hoje em dia, uma estação é liderada por alguém do grupo de interesses do governo ou por alguém do grupo de interesses da oposição ou então regem-se pela avaliação que fazem da opinião pública, explorando e condicionando o trabalho dos jornalistas para que vendam mais. Qual é a diferença entre todos estes em termos de liberdade de imprensa?

garibaldov disse...

Ao lerem este artigo podem ficar com uma amostra de que não é só em portugal que argumentos ao estilo da "asfixia democrática" tem sido fabricada por razões algo duvidosas (sempre com um cheirinho a direita).

http://www.venezuelanalysis.com/analysis/1125

ateixeira disse...

A diferença é que a liberdade da imprensa não existe.

E nos sítios onde de facto a imprensa é mais livre passa-se a ideia de repressão.