quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Medina Carreira insulta caixas de supermercado por não saberem operações de aritmética da 4ª classe mas desconhece a história do Pedrinho e o Lobo

O gigantone televisivo, há mais de cincoenta anos desaparecido para parte incerta, mas cujas repetidas aparições na Sicnotícias têm deixado o país extasiado, deu, na passada terça-feira, a sua centésima primeira entrevista em horário nobre. Falamos do Professor Medina Carreira, um especialista em catástrofes e desabamentos nacionais, cuja proféticas previsões acerca da implosão do país têm feito carreira fulgurante. Esta personagem de contornos bíblicos, julga acreditar numa missão de investimento sobrenatural, esgrimindo os seus argumentos poderosos contra a turba dos políticos indígenas – essa corja – e convidando os cidadãos a um período de penitência e mortificação orçamental. O Professor Carreira defende com particular sapiência um período de interregno do regime democrático – aí uns dez quinze anos – de controlo presidencial, para colocar na ordem a barafunda criada por “esta gente que nos governa”. É difícil escolher a pérola mais preciosa entre o farto colar cuidadosamente urdido pelo sagaz especialista em “controlo político da vergonha nacional”. Segundo o Professor Carreira “é a economia que produz e resolve os grandes problema nacionais”. Sim, a economia, essa matrona de braços vigorosos, nascida dos gabinetes político-jurídicos, amamentada pelos hordas de esfomeados do terceiro-mundo, cujo imponente aparecimento salvífico tarda em emergir na ocidental praia lusitana – peço perdão ao ilustre leitor por esta alusão a Luís de Camões um homem que não paga as contas aos funcionários públicos. O que é facto é que a Economia – essa entidade supra-estelar - resolverá todos os problemas. Como? – pergunta Mário Crespo. Atraindo o investimento – responde o Professor Carreira. Mas porque razão o investimento não se sente atraído? – pergunta Mário Crespo. Ora aí está um pergunta pertinente, perante a qual o professor Carreira cofia o nariz, varre o estúdio com o seu olhar profundo e dispara: - É preciso, em primeiro lugar – fazer um levantamento das razões porque não se investe em Portugal. Voilá! Os políticos são uma vergonha, os ministros são incompetentes. Que fazer? Um levantamento das razões pelas quais os políticos são incopetentes. Com esta solução brilhante, o Professor Carreira prossegue. 80% das pessoas que passa pela escola saem de lá semi-analfabetas. Estupefacto, estou pregado contra o sofá e sofro a derradeira estocada. Continua o Porfessor Carreira: - Ainda ontem estava a ler um livro que escolhi sobre políticas sociais...» Foi nesta altura que me subiu à cabeça uma sensação psico-farmacológica, da ordem das aparições videntes, em que a pátria, de mão dada com a Economia, vagueava perdida num deserto constituído por pilhas de estudos e folhas de cálculo, maços repletos de séries orçamentais. As duas veneráveis deusas do desenvolvimento caminhavam amparadas nos braços magros uma da outra, os olhos humedecidos. Foi então que o gigantone Carreira lançou um grito lançinante cujo eco veio percutir na minha testa como um seta de virtude. Mas neste momento já Jorge Jesus explicava porque razão Carlos Azenha não é um inimigo mas um profissional desempregado cujo valor é inquestionável.

1 comentário:

Nelson Goncalves disse...

Estimado,

Não posso concordar com a avaliação que faz do Medina Carreira (MC).

Independentemente das qualidades/defeitos do homem, eu preferia alguém no governo semelhante ao MC do que o nós temos tido desde o Guterres: gastar à grande, medidas para enganar as estatísticas e vontade de tornar o país "moderno"

Eu votaria no primeiro que me dissesse que não quer mudar o país, apenas gerir os dinheiros públicos com tino. O resto os portugueses são perfeitamente capazes de fazer sozinhos.