Pedro Pestana Bastos, um alegado dirigente do CDS, escreve nesse espaço ilustre que dá pelo nome de o Cachimbo de Magritte mas devia antes chamar-se a cova dos plagiadores que nem sequer detectam uma merda de um brasileirismo mas, concerteza, devem ter cuspido bolas de fogo contra o acordo otrográfico, porque a língua portuguesa e a sua preservação e outras pérolas como esta. O facto é que neste post merdoso, Pedro Pestana Bastos joga lama no ventilador. E lama da grossa. Com efeito, ou o senhor Pedro Pestana Bastos plagiou escandalosamente o seu texto ou deu-se na blogosfera, em blogue tão distinto como o cachimbo do ladrão, perdão, de Magritte, uma fantástica coincidência. Se não vejamos: onde Pedro Pestana Bastos escreve «Para os habitantes das zonas rurais de França, os primeiros meses da revolução representaram a promessa de um mundo mais justo e de uma vida melhor», José Francisco Botelho da Revista Aventuras na História, no site http://historia.abril.com.br/guerra/vendeia-revolucao-revolucao-434168.shtml, escreve «Para os habitantes das zonas rurais, os primeiros meses da Revolução haviam representado a promessa de um mundo mais justo e de uma vida menos árdua.» Bastos continua: « as reformas de 1789 foram dominadas pela burguesia das grandes cidades e a revolução não resolvia os problemas da população rural» e Botelho diz «No entanto, as reformas de 1789 foram dominadas pela burguesia das grandes cidades – e quem mais lucrou com elas foram os proprietários e comerciantes urbanos. “A República não estava resolvendo os problemas imediatos da população rural. Pelo contrário, estava agravando-os”, diz a historiadora Beatriz Franzen, da Universidade do Vale dos Sinos, no Rio Grande do Sul,» uma vez que Botelho cita as suas fontes. Mas Bastos insiste: «Os impostos continuavam a subir e as pessoas continuavam a passar fome. Os camponeses sentiam que a revolução nada lhes tinha trazido de bom.» O problema é que Botelho tinha afirmado «Os impostos continuavam a subir e as pessoas continuavam passando fome. Por isso, os camponeses sentiam que a Revolução os havia deixado de lado.» É então que Pestana Bastos, cansado de vasculhar arquivos bolorentos, redigindo estas magníficas ideias à dolorosa luz das lâmpadas eléctricas, dispara furioso: « Em 1791, o descontentamento político aliou-se à indignação religiosa. Com o intuito de diminuir a influência da Igreja Católica sobre a população rural , o governo decretou que todos os padres deveriam jurar fidelidade à Constituição. Aqueles que se recusassem seriam expulsos das suas igrejas e proibidos de rezar a Missa. A medida foi condenada pelo Papa Pio VI e o governo revolucionário passou a ser inimigo da Igreja. Foi a gota de água, já que nas zonas rurais, a Igreja exercia um papel de assistência social essencial.» Porém, Botelho, que não tem o rigor cronológio do nosso caríssimo plagiador, há muito tinha escrito: «Em 1790, o descontentamento político aliou-se à indignação religiosa. Com o intuito de diminuir a influência da Igreja Católica sobre a população, o governo decretou que todos os padres deveriam jurar fidelidade à Constituição da República. Aqueles que se recusassem seriam expulsos de suas paróquias e proibidos de rezar a missa. A medida foi condenada pelo papa Pio VI e o governo revolucionário passou a ser tachado de inimigo da religião. Para os camponeses da Vendéia, católicos fervorosos, essa foi a gota d’água. “Nas zonas rurais, a Igreja exercia um papel de assistência social”, diz Beatriz (a tal professora já citada) “Quando o estado e a Igreja se desentenderam, o povo sentiu-se abandonado e desprotegido.”» Pedro Pestana Bastos, decide então brilhar arrancando das suas entranhas esta metáfora fulgurante: «Em Paris, a “navalha da República” manchou ruas e praças. Em Nantes, homens, mulheres e crianças foram afogados no rio Loire. Foi nesse clima de intolerância que o governo revolucionário decidiu enfrentar a revolta na Vendeia.“Destruam a Vendeia”, exclamou o deputado republicano Bertrand Bariére de Vieuzac. Este apelo foi levado à letra e em 1 de Agosto de 1793, o governo iniciou aquele que foi o maior extermínio da história das guerras civis com feridas que perduram na sociedade francesa até aos dias de hoje. Em setembro de 1793, o exército republicano atacou a província rebelde. A Vendeia mobilizou-se numa resistência desesperada: agora, o lema dos camponeses era “Vencer ou morrer”. E Botelho, enigmáticamente, havia recebido dos céus a mesma inspiração metafórica: «Em Paris, a “navalha da República” (apelido dado à guilhotina) manchou ruas e praças com o sangue azul dos nobres. Em Nantes, homens, mulheres e crianças foram fuzilados ou afogados no rio Loire. Por todos os lados, o pau comeu. Foi nesse clima de intolerância que o governo revolucionário decidiu enfrentar a revolta na Vendéia. “Destruam a Vendéia”, exclamou num enfurecido discurso diante da Convenção Nacional, o deputado republicano Bertrand Bariére de Vieuzac. Seu apelo foi levado ao pé da letra. “Em 1º de agosto de 1793, o governo decretou a aniquilação da Vendéia”, afirma o historiador François Furet, em seu Dicionário Crítico da Revolução Francesa. “A ordem era de incinerar florestas e casas, derrubar cercas, retirar os animais e transformar a região em um deserto.” Em setembro de 1793, um novo exército republicano atacou com fúria a província rebelde. A Vendéia inteira mobilizou-se numa resistência desesperada: agora, o lema dos camponeses era “Vencer ou morrer”. É escandaloso e degradante que Pedro Pestana Bastos tenha aqui saltado esta rica imagem, dsenhada por Botelho: «por toso os lados, o pau comeu.» Ou o pau, comendo por todos os lados, feriu a delicada suceptibilidade do senhor Pestana Bastos, ou tudo isto não passa de uma bela e meláncólica cornucópia que não envergonharia Magritte. Moral da história: a defesa da propriedade é uma questão muito relativa, quando se trata de fazer funcionar a massa cerebral. Na verdade, compreendemos Pestana Bastos. Seguir a política portuguesa, liderar departamentos do CDS/PP, fazer umas pernadas no pensamento liberal e ainda elaborar sobre história francesa, não é tarefa terrestre que se exija a um colaborador ilustre do Cachimbo, e nem com um mestrado na Católica isto seria exequível, mesmo após ser tocado pelas mãos taumatúrgicas de Roberto Carneiro ou pela saliva de João Carlos Espada. Mais estudo e menos ladroagem.
1 comentário:
Caro senhor,
Sou o autor do texto aparentemente plagiado por Pestana Bastos. Gostaria de deixar claro que a pérola "por todos os lados, o pau comeu" não é frase de minha lavra. Foi acrescentada a posteriori, pelo editor da revista.
Grato pela atenção,
José Francisco Botelho.
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