quinta-feira, 2 de julho de 2009

Mais um trabalho

Uma vez que hoje estou numa de auto-flagelação cá vai outro dos meus trabalhos nesta disciplina. Este segundo versava sobre a Revolução Científica ocorrida na Europa nos séculos XVI e XVII (apesar de grande parte dessas descobertas terem sido feitas no mundo islâmico por volta dos séculos XII, XIII e XIV). Devo dizer que consegui a grande tarefa de ter tornado aborrecido um dos períodos mais excitantes da história da humanidade. Ainda me lembro da sensação que tive ao finalmente acabar este trabalho: extremo asco. E a sério que não estou a exagerar. Não gostei mesmo nada do que escrevi, mas também como não conseguia fazer melhor e tinha que estudar para o exame de Cálculo I decidi deixar a coisa como estava.


Seja como for aqui está em toda a sua "glória":



— Segundo trabalho —





O mundo anterior a Revolução Cientifica, visto de uma perspectiva anacrónica, era um mundo muito estranho. Um mundo regido por forças ocultas que eram usadas como explicação para todo o tipo de fenómenos naturais e cuja ordem era apreendida pelos seres humanos através de correspondências. Aquilo a que chamamos Revolução Cientifica veio a alterar tudo isto.


A aceitação gradual do conceito coperniciano de uma terra móvel juntamente com o progressivo desmoronar do sistema aristotélico- ptolemaico fizeram com que os filósofos naturais se apercebessem de dois problemas: primeiro que tudo era necessário uma nova física que se adaptasse a terra móvel. Em segundo lugar era necessário toda uma nova cosmologia: Não mais havia lugares naturais, assim como direcções privilegiadas no espaço. Descobertas astronómicas punham em cheque a existência das orbes celestes e a dicotomia entre o nosso mundo e o celeste. Com o desacreditar das orbes celestes um grande problema ficava no ar: o que faz com que os planetas se movam? As teses atomistas eram conhecidas desde a idade media e uma cosmologia atomista, ou pelo menos corpuscular, parecia adaptar-se aos tempos que corriam.


Galileu tratou essencialmente da primeira questão, mas fê-lo duma forma diferente do que tinha sido feito até então. Primeiro que tudo, distinguiu as qualidades primárias dos corpos das suas qualidades secundárias. Depois elaborava experiências conceptuais onde reduzia os sistemas físicos as suas qualidades primárias. Tratava-os duma forma puramente matemática e chegava a conclusões sobre como funcionava a natureza. A experiência era depois utilizada como forma de testar a adequação dos seus resultados, conseguidos por meio da abstracção, ao mundo físico.


É deste modo que conclui que o movimento e o repouso ontologicamente são equivalentes( com a famosa ?experiência? do barco). E é o primeiro a enunciar o principio da inércia, ainda que de uma forma restringida pela sua visão do Cosmos.


Bacon tinha uma visão diferente do que devia ser o método científico. A ciência era a procura do conhecimento das causas, e não só a descrição dos fenómenos como em Galileu, e a aplicação desse conhecimento em prol do desenvolvimento humano. Mas essa procura não podia ser feita de qualquer modo. Era necessário seguir uma série de regras para atingir o conhecimento verdadeiro, O verdadeiro cientista para conhecer a causa de algo não deve limitar-se a juntar e organizar dados, nem especular sobre o mundo real sem primeiro olhar para ele. Deve em primeiro lugar colectar dados em que o fenómeno se observe e situações em que não se observe . Posteriormente, através da análise dos dados deverá induzir qual o modelo teórico que melhor se adapta a realidade dos dados observacionais.


O método indutivo não era a única proposta deste novo tipo de filósofos. Descartes pensava que a experiência não era um método fiável para se chegar ao conhecimento: não havia uma tradição que lhe concedesse legitimidade, não tinha como as realizar nem confiaria nos resultados se elas fossem realizadas por outros. Assim sendo para poder obter o conhecimento sobre o mundo terá que deduzir tudo a partir de verdades auto- evidentes.


Ele cria que tudo era composto por corpúsculos e que tudo que é captado pelos nossos sentidos se devia as interacções entre os corpúsculos. Então, para compreendermos a Natureza devemos primeiro conhecer as leis que regem os choques entre os corpúsculos. Primeiro analisa o movimento de um corpúsculo deslocando-se no espaço e conclui que na ausência de choques ele não alteraria nem a direcção nem a velocidade. Ou seja, mover-se-ia rectilínea e uniformemente. Depois analisa os choques entre mais corpúsculos e estabelece as leis que regiam os choques. E como tudo no mundo natural é consequência das colisões só causas materiais poderiam ter quaisquer efeitos.


Em todos os filósofos naturais atrás referidos está já implícita a ideia de que os mesmas leis regem todos os corpos fossem eles celestes ou terrestres. Newton vai tornar essa noção explícita ao concluir o processo de matematizar o real de acordo com a hipótese corpuscular.


Utilizando um raciocínio hipotético-dedutivo, decalcado de Euclides, estabelece axiomas matemáticos, infere os resultados e depois aplica-os aos sistemas reais. Tal como Descartes distingue o mundo ideal da matemática, do mundo em que vivemos; mas através de sucessivas aproximações dos modelos à realidade, consegue resultados que se adequam aos dados observacionais e cujas leis tanto se aplicam na Terra como em qualquer local do Universo. A lei da gravitação rege todos os corpúsculos. Mas essa lei nunca o satisfez devido à sua incapacidade de encontrar um modelo mecânico que a descrevesse. Uma força que se propaga a distância pelo espaço vazio e não por impactos lembrava em demasia as forças ocultas do passado.


A filosofia mecanicista é o culminar da Revolução Científica. É esta nova forma de olhar para o mundo: os fenómenos já não são explicados devido ás causas finais, mas sim por causas físicas; para se compreender algo era necessário reduzi-lo aos componentes últimos e operar sobre as suas qualidades primárias de uma forma matemática e abstracta.


A experiência deixa de ser passiva; é ela quem faz o derradeiro teste a teoria e nos permite controlar a natureza. O ?estado natural? dos corpos passa ser o repouso ou então o movimento rectilíneo uniforme.


É neste contexto da filosofia mecanicista que aparece o primeiro modelo mecânico do sistema solar. O movimento dos planetas em tomo do Sol é explicado como a composição do movimento de queda contínua dos planetas para o Sol e o seu movimento inercial.



E pronto já está! Este dois trabalhos ficam como que um prenúncio do que aí vem. Não sei quão regularmente virão os textos, mas sei que virão. E espero que sejam tão divertido para quem os lê como serão para mim.

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