Revelo em primeira mão ao auditório que quase sofria, ontem, pelas 21h47, uma paragem cardíaca ao deparar com uma alusão súbita de José Pacheco Pereira a Vitorino Nemésio, chegando aquele a invocar, como hipotético souvenir de tão cómico programa, essa lendária figura do panorama (palavra bela, entre o miradoiro bracarense e a teoria sociológica) literário português. Acontece que Pacheco Pereira não é um bom romancista, não é um homem erudito, não é um grande professor, não é um excelente comunicador, não nasceu em Ponta Delgada, não usa óculos de massa, não impõe respeito, não segura o telespectador mais do que 23 segundos, não faz elaborações sobre as investigações náuticas do Infante D. Henrique, não publicou livros de poemas, não escreveu o Mau Tempo no Canal, não se recostou no sofá de casa, não coçou os tomates em directo e assim sucessivamente, parafraseando César Monteiro. Pelo contrário, Pacheco Pereira farta-se de ler jornais de referência e relatórios do Parlamento Europeu o que não chega para invocar Nemésio como guarda-chuva para os insultos de mediocridade que vao desabar na sua cabeça quando Portugal perceber que inaugurou uma nova modalidade nacional: a censura em estilo pesca à linha disfarçada de Programa crítico em directo no horário nobre da Sic notícias.
1 comentário:
Posso comprovar, caso seja necessário, que Pacheco Pereira ontem não conseguiu segurar-me mais do que 11 segundos. Tempo esse em que percebi que o que ali estava não era mais do que re-interpretação do homem a quem parece que aconteceu nao sei que. No fundo eles falam e não fazem nada. Ponto por ponto.
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