Em traços largos os autores fazem um estudo sobre os media (maioritariamente os media dos Estados Unidos ) e chegam a conclusões bastante interessantes: primeiramente assumem que os media são uma corporação como outra qualquer. Assim sendo estão sujeitos aos mesmo tipo de pressões. Nomeadamente o fazer lucro. Agora o que talvez é novidade é que a maior parte dos lucros dos media não vem dos consumidores, mas sim da publicidade às outras corporações. Assim sendo convém que o media em questão possa atrair clientes (porque é isso mesmo que eles são) de modo a que alguém queira lá pôr anúncios.
Ou seja, se calhar aos media até o que interessa mais não é retratar o que se passa, mas sim ter quem os consuma. Ou seja não só os temas retratados são escolhidos mas também a maneira como são expostos e o ênfase que lhes é dado.
Há também a questão de aonde é que os media vão buscar a informação de modo a poderem noticiá-la. Uma grande fonte de informação é o Governo do país em questão. Não é preciso ser muito cínico para se imaginar o seguinte cenário: um jornal crítico do governo e outro apologista do governo. A quem é que será cedida informação? Dessa maneira quem mais vai noticiar? Quem mais vai ter leitores? Quem mais vai ter produtos para anunciar? Quem irá subsistir no final?...
Depois desta introdução os autores postulam os que eles chamam de filtros para explicar como funcionam os media em geral. São então estes os filtros:
- O facto da maior parte dos media pertencer a um conjunto muito pequeno de entidades.
- O Financiamento.
- As fontes de informação.
- Flak - O criticismo exacerbado de algo ou alguém.
- Anti-ideologia. Quer isto dizer algo que una o nós contra os eles.
Após esta quase caricatura do propaganda model restam-me então colocar aqui as tais palavras de actualização:
"In Manufacturing Consent: The Political Economy of the Mass Media (Pantheon, 1988) Noam Chomsky and I put forward a "propaganda model" as a framework for analyzing and understanding how the mainstream U.S. media work and why they perform as they do. We had long been impressed with the regularity with which the media operate within restricted assumptions, depend heavily and uncritically on elite information sources, and participate in propaganda campaigns helpful to elite interests. In trying to explain why they do this we looked for structural factors as the only possible root of systematic behavior and performance patterns."
Apesar de o fazerem com o objectivo explícito de analisarem os media nos Estados Unidos parece-me claro que muito do que dizem também se aplica cá no nosso burgo.
"We never claimed that the propaganda model explains everything or that it shows media omnipotence and complete effectiveness in manufacturing consent. It is a model of media behavior and performance, not media effects. We explicitly pointed to alternative media, grass roots information sources, and public skepticism about media veracity as important limits on media effectiveness in propaganda service, and we urged the support and more effective use of these alternatives."
A isto só posso bater palmas: é a essência do que é conhecimento (pelo menos da maneira que eu entendo a palavra conhecimento). Saber as limitações (porque elas existem sempre) da nossa explicação e não ter medo de as indicar.
"The criticism of the propaganda model for being deterministic ignores several important considerations. Any model involves deterministic elements, so that this is a straw person unless the critics also show that the system is not logically consistent, operates on false premises, or that the predictive power of the determining variables is poor. The critics often acknowledge that the case studies we present are powerful, but they do not show where the alleged determinism leads to error nor do they offer or point to alternative models that would do a better job."
Ó meus caros senhores é caso para se dizer: "it doesn't get any better than this!" Porque não fica mesmo! Tenho que realçar que o senhor Chomsky é linguista, e que o senhor Herman é economista. Ou seja não praticam aquilo que é normalmente denominado como as hard sciences e no entanto aplica o dito método científico com uma clareza e consciência notáveis. Suponho que tenha algo a ver com o facto de serem duas pessoas que sabem o que fazem...
"The dramatic changes in the economy, communications industries, and politics over the past decade have tended to enhance the applicability of the propaganda model. The first two filters -- ownership and advertising -- have become ever more important. The decline of public broadcasting, the increase in corporate power and global reach, and the mergers and centralization of the media, have made bottom line considerations more controlling. The competition for serving advertisers has become more intense. Newsrooms have been more thoroughly incorporated into transnational corporate empires, with shrunken resources and even less management enthusiasm for investigative journalism that would challenge the structure of power. In short, the professional autonomy of journalists has been reduced.
Some argue that the Internet and the new communication technologies are breaking the corporate stranglehold on journalism and opening an unprecedented era of interactive democratic media. There is no evidence to support this view as regards journalism and mass communication. In fact, one could argue that the new technologies are exacerbating the problem. They permit media firms to shrink staff while achieving greater outputs and they make possible global distribution systems, thus reducing the number of media entities. Although the new technologies have great potential for democratic communication, left to the market there is little reason to expect the Internet to serve democratic ends."
Muita atenção ao que está em bold.
"In retrospect, perhaps we should have made it clearer that the propaganda model was about media behavior and performance, with uncertain and variable effects. Maybe we should have spelled out in more detail the contesting forces both within and outside the media and the conditions under which these are likely to be influential. But we clearly made these points, and it is quite possible that nothing we could have done would have prevented our being labelled conspiracy theorists, rigid determinists, and deniers of the possibility that people can resist (even as we called for resistance).
The propaganda model still seems a very workable framework for analyzing and understanding the mainstream media -- perhaps even more so than in 1988. As noted earlier in reference to Central America, it often surpasses expectations of media subservience to government propaganda. And we are still waiting for our critics to provide a better model."
E novamente a bold a essência do que é conhecimento: é sempre apto á mudança desde que seja para melhor. E enquanto não chega a mudança temos que utilizar os métodos que temos.Os mais temerários podem sempre ler o texto na sua íntegra aqui.
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