Sabemos pela «Carta a Manuel» que não foi António, não foi Anto quem teve a culpa. Foi Coimbra. Há dias assim: entramos gloriosos, entre atabales e charamelas, coroados de juventude e força, para sair, derrotados, sem a mais pequena ideia do que possa resolver esta contradição imensa. Papéis, recibos por pagar, o cabelo ralo, ou a sensação do tempo que não passa, até que um dia, entre a sombra de um plátano e um cavalo negro avistado ao longe numa viajem de comboio, tudo se torna claro: tudo o que quisermos dizer será tomado pela banalidade do tempo que, recatado e silencioso, enterrou Homero, Dante e Shakespeare; enterrou Newton, Kant e Einstein e voltará - com o desprezo imenso que merecem todos os inúteis - com a mesma forma funcionária, para nos enterrar a todos. Talvez por isso nos custa tanto calar e, para sempre, fechar a porta.
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