terça-feira, 5 de maio de 2009

Desculpem, se me tenho repetido, de quando em vez

Grandes coisas reserva para nós o destino deste território, agora cercado pela ameaça invisível da doença. Não mais que fugitivos da catástrofe, somos, ó ruy, uma geração perdida. Mas que vos tenho eu dito acerca da inutilidade das coisas? Antes de engatilharem o dardo que me vai fulminar de crítica tecnológica, devo dizer que estas afirmações não se devem a qualquer ascese pessoal. Antes pelo contrário. São a confirmação da minha mais rasteira competência material. Neste sentido, afirmo já aqui (cruzando e descruzando as pernas três vezes) que se me pagassem o prémio de Zeinal Bava (repare o caro leitor como vou resistir neste mesmo parágrafo à piada étnica) apresentaria no próximo triénio resultados de gestão bem mais espectaculares, trabalhando o dobro das horas, frequentando ainda dois seminários sobre farinheiras de Arganil e jogando à malhadinha, com os meus colaboradores, remunerados com o salário mínimo, pelo menos dez minutos cada dia.
Não era bem isto o que tnha preparado. Mas fui supreendido pela seta da indignação (percalço de que ninguém está livre). Queria mesmo era falar-vos da doce indiferença que percorre o sangue de uma pequeniníssima parte dos estranhos habitantes deste planeta. O elogio da derrota pode também ser o elogio do desperdício. Ou o elogio de quem se contempla a si mesmo, quando criança, coleccionado conchas, ali mesmo, junto ao local onde poisam as gaivotas e rebentam, em vão, todas as ondas.
PS: «Não sei o que posso parecer aos olhos do mundo; mas para mim próprio pareço ter sido apenas um rapazinho a brincar à beira mar, divertindo-me com encontrar de vez em quando uma pedra mais lisa ou uma concha mais bonita.» O rapazinho chama-se Newton e traçou estas linhas numa carta a um amigo. Palavras muito antigas que me serviram para encerrar este dia e saudar dweebydoofus com rigorosa alegria, nesta objectiva chegada, ao elogio da derrota, da tão esperada beleza matemática.
Porque será que esta mensagem me soou a um episódio de Star Trek?

1 comentário:

ateixeira disse...

Muito obrigado pelas boas vindas e farei os possíveis para dar um bom contributo a este espaço de reflexão.