«As televisões adoram fazer reportagens neo-realistas com os despedimentos colectivos, mas, um dia, eu gostava de ver uma reportagem sobre aquilo que mina os nossos ambientes de trabalho e a nossa economia: a impossibilidade do despedimento individual. A pretexto da solidariedade colectiva, a mediocridade individual é protegida.»
O segundo texto bizarro que hoje se apresenta foi publicado no Expresso, um dia destes, creio que foi depois do dia recomendado para a apanha do tomilho, entre a lua nova e uma chuvada de arrebentar piolhos, e é da autoria do ilustre membro de um blogue que fará as nossas delícias: Clube da Repúblicas mortas. Vamos ao que interessa. As televisões fazem, portanto, reportagens neo-realistas. Creio mesmo que vi ontem a Clara de Sousa tirar (apressadamente) um bandeira comunista do sotien, onde enxugou as lágrimas vertidas por mais um despedimento colectivo. O leitor não deve distrair-se (com esta questão da bandeira) do essencial. Tão tradicional como o caracol a sul do Mondego é a estima que os nossos liberais nutrem por uma bela vigilância daquilo que mina os nossos ambientes de trabalho. Com efeito, caro leitor, a pretexto da solidariedade colectiva (que é a elaboração de um respeitável jornal que zele pela liberdade de expressão) a mediocridade individual não só é protegida como se reproduz, qual coelho em fim-de-tarde ameno e, seguramente, animado por um primaveril ambiente de trabalho.
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