Discurso proferido por Antero de Quental, numa sala do Casino Lisbonense, em Lisboa, no dia 27 de Maio de 1871:
Que é pois necessário para readquirirmos o nosso lugar na civilização? Para entrarmos outra vez na comunhão da Europa culta? É necessário um esforço viril, um esforço supremo: quebrar resolutamente com o passado. Respeitemos a memória dos nossos avós: memoremos piedosamente os actos deles: mas não os imitemos. Não sejamos, à luz do século XIX, espectros a que dá uma vida emprestada o espírito do século XVI. A esse espírito moral oponhamos francamente o espírito moderno. Oponhamos ao catolicismo, não a indiferença ou uma fria negação, mas a ardente afirmação da alma nova, a consciência livre, a contemplação directa do divino pelo humano (isto é, a fusão do divino e do humano), a filosofia, a ciência, e a crença no progresso, na renovação incessante da Humanidade pelos recursos inesgotáveis do seu pensamento, sempre inspirado. Oponhamos à monarquia centralizada, uniforme e impotente, a federação republicana de todos os grupos autonómicos, de todas as vontades soberanas, alargando e renovando a vida municipal, dando-lhe um carácter radicalmente democrático, porque só ela é a base e o instrumento natural de todas as reformas práticas, populares, niveladoras. Finalmente, à inércia industrial oponhamos a iniciativa do trabalho livre, a indústria do povo, pelo povo, e para o povo, não dirigida e protegida pelo Estado, mas espontânea, não entregue à anarquia cega da concorrência, mas organizada duma maneira solidária e equitativa, operando assim gradualmente a transição para o novo mundo industrial do socialismo, a quem pertence o futuro. Esta é a tendência do século: esta deve também ser a nossa. Somos uma raça decaída por ter rejeitado o espírito moderno: regenerar-nos-emos abraçando francamente esse espírito. O seu nome é Revolução: revolução não quer dizer guerra, mas sim paz: não quer dizer licença, mas sim ordem, ordem verdadeira pela verdadeira liberdade. Longe de apelar para a insurreição, pretende preveni-la, torná-la impossível: só os seus inimigos, desesperando-a, a podem obrigar a lançar mãos das armas. Em si, é um verbo de paz, porque é o verbo humano por excelência.
Meus senhores: há 1800 anos apresentava o mundo romano um singular espectáculo. Uma sociedade gasta, que se aluía, mas que, no seu aluir-se, se debatia, lutava, perseguia, para conservar os seus privilégios, os seus preconceitos, os seus vícios, a sua podridão: ao lado dela, no meio dela, uma sociedade nova, embrionária, só rica de ideias, aspirações e justos sentimentos, sofrendo, padecendo, mas crescendo por entre os padecimentos. A ideia desse mundo novo impõe-se gradualmente ao mundo velho, converte-o, transforma-o: chega um dia em que o elimina, e a Humanidade conta mais uma grande civilização.
Chamou-se a isto o Cristianismo.
Pois bem, meus senhores: o Cristianismo foi a Revolução do mundo antigo: a Revolução não é mais do que o Cristianismo do mundo moderno
via Avenida Central
quinta-feira, 30 de abril de 2009
quarta-feira, 29 de abril de 2009
Em 1984
Não deixem de reparar no visual da manuela moura guedes no inicio. E sim a guerra pode ser curtida e ninguém arredar pé de lá. A grande conclusão é que a padeira é uma superstar.
Grande, grande:
E para acabar a loucura de fim de tarde
Grande, grande:
E para acabar a loucura de fim de tarde
Politica da força
Uma das vantagens de se trabalhar numa empresa multinacional é que se acaba por conhecer pessoas fora do nacional. E também fora do comum. Tive na semana passada aquilo que se pode chamar de um aula de politica africana concentrada. Dada por quenianos e ugandeses. Fiquei a saber que a lógica é esta: todos tem fome. Comida, poder, etc. Assim um dia o sujeito X chega a presidente de um país à lei da bala. Como tem fome enche a barriga e a dos seus. Passado uns anos a encher começa a preocupar-se com o resto da população, providenciando que tenham acesso a alguns serviços básicos, como estradas ou telemóveis para falarem. Aqui entra a lógica destruidora: pensa o povo, não mudemos para outro porque senão vai querer encher a barriga também, e fiquemos com este que já esta cheio. É uma espécie de governação Isaltino ou Felgueiras em que se pode matar à vontade quem atrapalha ou quer simplesmente mudar o rumo. Mas aparentemente convive-se com este modo de vida com um a vontade preocupante. A única coisa que concordaram é que o se passa no Sudão é uma tragédia, e que aquilo é só malta doida. Ou como mostra aqui a JR uma vergonha do tamanho dos investimentos dos povos ricos.
segunda-feira, 27 de abril de 2009
Alf, o regresso...
Após uma longa interrupção para desintoxicação numa clínica alpina - onde cheguei afogado em alucinações políticas e fragilidades mais que muitas - declaro que estou de volta à bordoada. E desde já fica o aviso: volto mais raivoso que um conjunto de clips em dia de balancete anual.
PS: duas notas soltas que fariam inveja a qualquer boneco da michelin que nunca tivesse frequentado o Parlamento Europeu. A primeira pertence a Oliveira e Costa (o mago das sondagens): «Paulo Bento é o Pedroto do Sporting»: a segunda foi proferida pelo homem de quem não pode proferir-se o nome sem que tremam as colunas do encaracolado Olimpo: «A agressão de Pepe foi um acto tresloucado resultante de uma afectação específica». Antes que comecem a circular pela Net as versões apócrifas, posso desde já afirmar que aquele que ouviu é que dá testemunha de tal frase.
Uma boa semana e cuidado com a lama.
PS: duas notas soltas que fariam inveja a qualquer boneco da michelin que nunca tivesse frequentado o Parlamento Europeu. A primeira pertence a Oliveira e Costa (o mago das sondagens): «Paulo Bento é o Pedroto do Sporting»: a segunda foi proferida pelo homem de quem não pode proferir-se o nome sem que tremam as colunas do encaracolado Olimpo: «A agressão de Pepe foi um acto tresloucado resultante de uma afectação específica». Antes que comecem a circular pela Net as versões apócrifas, posso desde já afirmar que aquele que ouviu é que dá testemunha de tal frase.
Uma boa semana e cuidado com a lama.
sábado, 25 de abril de 2009
sexta-feira, 17 de abril de 2009
Gel Peixe e Galucho é sempre a disparar até gastar o cartucho
Não resisto a linkar este post sobre este site e sobre o que se lá pode ouvir como música de fundo. Acreditem, mas é verdade. Eu ainda estou em choque com rimas destas:
"Ambicionas ter gás e queres comprar um telefone, vem connosco visitar a Butano e a Vodafone”
“Queres levantar nota, vai ao Millenium BCP, mete gasosa na Galp e já ninguém te vê”
“Não me esqueço da Mota Engil, SGPS S.A., com este vocabulário ainda vou pó Canadá”
"José de Mello empresa de se lhe tirar o chinelo"
Não sei o que é pior, rappers vendidos ao dinheiro se empresários com tiques de consciência social:
"trabalhar e ganhar p’a pagar uma renda” “Toca a estudar com muita motivação / Toca a estudar para termos capacitação / A Epis tá com a população / Vamos ter o 12º ano na mão”.
"Ambicionas ter gás e queres comprar um telefone, vem connosco visitar a Butano e a Vodafone”
“Queres levantar nota, vai ao Millenium BCP, mete gasosa na Galp e já ninguém te vê”
“Não me esqueço da Mota Engil, SGPS S.A., com este vocabulário ainda vou pó Canadá”
"José de Mello empresa de se lhe tirar o chinelo"
Não sei o que é pior, rappers vendidos ao dinheiro se empresários com tiques de consciência social:
"trabalhar e ganhar p’a pagar uma renda” “Toca a estudar com muita motivação / Toca a estudar para termos capacitação / A Epis tá com a população / Vamos ter o 12º ano na mão”.
quinta-feira, 16 de abril de 2009
Resumo dos últimos dias
A blogoesfera é uma mulher de 40 anos histérica. Anda tudo aos gritos por causa da Câncio, da escolha do Rangel, dos 3,5%, do Sócrates/Freeport. A ultima é a canção dos Xutos que parece que foi feita a pensar no engenheiro, mas sem querer ofender, dizem eles. Não há lá muita paciência para isto tudo. O meu RSS reader já anda cansado de tanto post inútil. No futebol, entretanto o Porto perdeu na champions. Tive pena. E no sabado passado o Liedson ganhou à Naval. Com isto tudo ainda há coisas boas. Leia-se o besugo.
sexta-feira, 10 de abril de 2009
quinta-feira, 9 de abril de 2009
quarta-feira, 8 de abril de 2009
O cais do sodré ali tão perto
Fazia tempo que não andava de comboio. Ir ao Cais do Sodré e voltar. Ontem por causa de um jantar com velhos amigos e por causa da minha condição médica, voltei ao comboio. E o que dizer? Os barulhos caracteristicos da viagem. A vista do mar com o sol a encolher. Os livros que se leram. A variedade das gentes que viajam. Algumas coisas mudaram. O revisor que agora anda com uma máquina electrónica que valida passes. O rapaz que ve o filme no portatil. Os que ouvem os seus mp3. Permanece na mesma a melancolia nos olhares cansados de quem regressa a casa e que procura um dia melhor. Muito se passou no comboio. Ontem voltei a lembrar-me. Que as memórias permanecem.
terça-feira, 7 de abril de 2009
Eu já enviei
entretanto vamos todos ajudar a Rosa Pomar vencer a grande corporação que lhe roubou o design do boneco.
Sentido de missão
Não sei o que diga a este bocado de texto, retirado de um entrevista de João Picoito ao Expresso desta semana (andei a procura do texto integral online mas sem sucesso ). Primeiro João Picoito assume-se como o novo salvador desta terra porque quer o bem para todos. Segundo critica a ambição desmesurada das novas gerações em serem gestores e não engenheiros, porque diz ele sobem mais depressa na carreira. Querem todos ser como eu, parece ele dizer. Além disso tendo em conta que ele actualmente é gestor não percebo a profundidade do argumento. Talvez o que queira é menos concorrência na gestão e que haja mais engenheiros para que depois ele na sua missão de bem possa contrata-los a baixo custo e poder explicar-lhes então as "verdadeiras virtudes do crescimento económico". João Picoito pode criar emprego, mas não salva o mundo com mais engenheiros.
Ao menos ganhámos
O futebol pode ser uma coisa perigosa. A minha mão estava onde uns milésimos de segundo antes estava a bola, e vai dai um belo pontapé e um dedo partido. Por estes dias posso dizer que tenho as condições para pedir boleia, já que o meu polegar está bem direito e não consigo conduzir. O google pode ser nosso amigo e encontro este site. Já está nos meus favoritos.
segunda-feira, 6 de abril de 2009
E já que falamos em ajudar os outros
Fisco deixa prescrever 3,7 milhões de euros de correcções feitas pela IFG à banca
"O PÚBLICO questionou o Ministério das Finanças sobre as razões que levaram às prescrições referidas e sobre os critérios de inspecção tributária relativos ao exercício de 2004. Nomeadamente, tentou saber qual a razão pela qual se deixou por inspeccionar - como aconteceu - as sociedades financeiras com valores mais elevados (à excepção do BCP) e corrigir a situação das que se encontravam em sexto, sétimo e décimo primeiro lugar da lista da amostra da IGF.Fonte oficial do ministério liderado por Fernando Teixeira dos Santos respondeu que "a fiscalização de entidades bancárias é efectuada pelo corpo de elite da inspecção tributária". Mas, "face aos recursos disponíveis - só um reduzido número de inspectores tem a especialização no sector bancário - há que efectuar opções tendo em consideração uma grelha de risco criada pela DGCI tomando em consideração a sua experiência neste campo". " Conveniente diria eu.
"O PÚBLICO questionou o Ministério das Finanças sobre as razões que levaram às prescrições referidas e sobre os critérios de inspecção tributária relativos ao exercício de 2004. Nomeadamente, tentou saber qual a razão pela qual se deixou por inspeccionar - como aconteceu - as sociedades financeiras com valores mais elevados (à excepção do BCP) e corrigir a situação das que se encontravam em sexto, sétimo e décimo primeiro lugar da lista da amostra da IGF.Fonte oficial do ministério liderado por Fernando Teixeira dos Santos respondeu que "a fiscalização de entidades bancárias é efectuada pelo corpo de elite da inspecção tributária". Mas, "face aos recursos disponíveis - só um reduzido número de inspectores tem a especialização no sector bancário - há que efectuar opções tendo em consideração uma grelha de risco criada pela DGCI tomando em consideração a sua experiência neste campo". " Conveniente diria eu.
Aqui nos blogs ao lado
Trade not Aid ou uma versão não menos importante, mas mais divertida Dambisa Moyo - I rest my case
Fundamental.
Fundamental.
sexta-feira, 3 de abril de 2009
quarta-feira, 1 de abril de 2009
Falar do que não sei segundo Governantes de Portugal
Costumo passar os olhos pelo Ladrões de Bicicletas, mas confesso que não tenho tempo para perceber metade do que eles querem dizer. Hoje ao contrário Jorge Bateira escreveu e muito bem:
"Ainda assim, ao ler a notícia, não pude deixar de confirmar que a nossa governação socialista está muito mal entregue. Primeiro, porque o ministro afirma coisas como esta: "Isto não é ideologia, é dos livros, é pura economia". Como se nos manuais de economia pudessemos encontrar a verdade da "ciência económica". Como se muitas teorias que lá se encontram não pertencessem a um certo cânone há muito contestado por outras teorias. Pelos vistos, para o ministro, não há correntes de pensamento na Economia. Apenas a "pura economia""
E faço uma pergunta: o que é isto da pura economia? não será a economia senão uma ferramenta analitica para manipular/acertar a vontade politica de acordo com as conveniências de uns quantos? E de que andamos aqui a ser enganados?
"Ainda assim, ao ler a notícia, não pude deixar de confirmar que a nossa governação socialista está muito mal entregue. Primeiro, porque o ministro afirma coisas como esta: "Isto não é ideologia, é dos livros, é pura economia". Como se nos manuais de economia pudessemos encontrar a verdade da "ciência económica". Como se muitas teorias que lá se encontram não pertencessem a um certo cânone há muito contestado por outras teorias. Pelos vistos, para o ministro, não há correntes de pensamento na Economia. Apenas a "pura economia""
E faço uma pergunta: o que é isto da pura economia? não será a economia senão uma ferramenta analitica para manipular/acertar a vontade politica de acordo com as conveniências de uns quantos? E de que andamos aqui a ser enganados?
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