Começo com um esclarecimento. A história do Conan O'Brien começou quando um finlandês lhe mandou uma foto da Presidente da Republica e a dizer que ele (Conan) era parecido com ela. Daí a ir visitar o país foi um instante. Pode parecer surpreendente este fascínio, mas vendo as pessoas na rua, consigo ver a ligação. Antes de mais a cor do cabelo. Aqui todos são louros. É um mar sem fim de louros e louras. Os que não são louros ou são imigrantes ou pertencem a alguma tribo urbana que os obriga a ter o cabelo cor de rosa ou verde ou tudo misturado. No programa do Conan o humor é bizarro, non-sense e muitas vezes frio. O que nos leva às pessoas daqui e à meteorologia que as envolve. Se compararmos connosco, nós temos os Malucos do Riso, humor do chico-esperto, das miúdas em bikini ou do cigano. Que nos liga ao sol, à boa comida, à preguiça, etc. É o mesmo processo que leva gente a ver a selecção nacional a chegar ao aeroporto ou o Tony Carreira. No fundo, no fundo somos iguais. Alf prepara-te para esta. Aqui as miúdas (também?) cospem no chão. Os miúdos fazem gestos impróprios para taxistas. Há gente bêbada (no limite da consciência) às 16h. Há gente bizarra. Há gente ainda mais bizarra. Todos tem um telemóvel topo de gama e da Nokia. Pessoas que também correm quando querem ir para casa e o autocarro foge-lhes. Estranhamente não há lojas de chineses (ok ponto a favor). Há imensas lojas de slot-machines e estão todas cheias. Aparentemente a vida aqui também é madrasta e o jogo talvez ajude a ganhar um extra. Tem imensos centros comerciais. As casas são carissimas. Afinal tudo isto me é familiar. Quero o meu dinheiro de volta, não foi isto que me venderam.
Longe de mim dar uma imagem má daqui. Poucos dias se passaram. Do que já vi posso dizer que há coisas muito boas. Os transportes funcionam. Todos falam inglês o que me facilita a vida (uma língua onde quase todas as palavras tem um K ou mais não é fácil de compreender). Os filmes na TV são legendados. Os horários laborais. Extrapolo que a saúde e a educação sejam aquilo que dizem.
A grande diferença é o sol. Ainda não o vi. E começo a acreditar que não verei até voltar a casa. Sempre pensei que essa fosse a explicação para tanto sucesso nos países nórdicos. Ao passar por essa experiência posso confirmar que o que apetece mais é ficar dentro de um prédio e já que ali estamos o melhor é fazer qualquer coisinha. A rua fica para o frio e a chuva ou para o Conan. Contudo acabo como comecei, com um esclarecimento. Um país onde não haja em lugar nenhum, um arrozinho de feijão com jaquizinhos e uma fatia de melão, numa esplanada, não é país para mim.
*O sol brilha para todos, mas não aqui
Sem comentários:
Enviar um comentário