Ao som de cânticos das claques sportinguistas, continuo com a minha depressão (e a que o jogo de ontem adicionou uma azia com sabor a choco frito) ao ler esta noticia:
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1316153&idCanal=12
Ao que parece o Convento que foi prisão durante um curto espaço de tempo foi agora vendido. Até aqui tudo bem. Vamos aos pormenores:
"Quando o Governo ali decidiu instalar uma cadeia para resolver o problema da sobrelotação das prisões, era então ministro da Justiça o socialista Vera Jardim, o edifício e os quase cinco hectares da propriedade foram reafectados por decreto ao Ministério da Justiça. Para efeitos da compensação financeira prevista na lei nestes casos, o conjunto foi avaliado em 800.000 contos (4 milhões de euros), valor que o Ministério da Justiça pagou ao Ministério da Defesa."
Um convento? as prisões estavam lotadas...aparentemente tudo servia na altura.
"No final de Maio do ano passado, semanas depois da extinção do estabelecimento prisional, o Convento de Brancanes e os terrenos envolventes foram vendidos pelo Estado à imobiliária Estamo, uma empresa de capitais exclusivamente públicos, para que esta procedesse à sua alienação. Nesse mesmo mês, ainda antes de se tornar proprietária, a Estamo requereu à Câmara de Setúbal que alterasse o Plano Director Municipal, por forma a que na antiga cadeia pudessem ser construídos 18.300 m2 de habitação e equipamentos hoteleiros ou de saúde."
Mudam-se os tempos, mudam-se as normas. O convento hoje já não reúne as "condições de habitabilidade que as actuais normas exigem". Curiosamente rapidamente o espaço transforma-se num alvo para novos empreendimentos imobiliários. Uma novidade em Portugal. Assim como alterações ao PDM. Setúbal também vale mais a pena.
"foram feitas dez propostas, sendo que a melhor foi a da firma Diraniproject III, com "cerca de 7 por cento acima do segundo classificado, pelo que a venda lhe foi adjudicada". O valor do negócio não foi revelado, nem a identidade dos outros concorrentes, mas a escritura de compra e venda celebrada em Novembro entre a Estamo e a adquirente, representada pelo seu administrador único, António Lamego, mostra que esta pagou 3,4 milhões de euros - um preço particularmente interessante para o caso de ali virem a ser autorizados os 18.300 m2 de construção pedidos à câmara."
Um bom negócio diria eu. Ficamos todos contentes pelo Estado perder mais de 800 mil euros. Recupera-se no tabaco, gasolina e na caça ao fisco. Diria eu.
"Por outro lado, a documentação do registo comercial evidencia que a Diranniproject III ainda não existia à data, anterior a 12 de Junho, em que foi apresentada a proposta que lhe permitiu ficar com o imóvel. A escritura da sua constituição foi celebrada apenas em 18 de Julho último, sendo que a totalidade do seu capital é detida pela Diraniproject SGPS, uma holding detida em 99,2 por cento por António Lamego e criada no mesmo dia."
É o simplex a funcionar! Num dia cria-se uma empresa! E compra-se um terrenozito! obrigado Simplex!
"Entre 2000 e 2005 este advogado foi sócio dos dirigentes socialistas Alberto Costa, António Vitorino e José Lamego (seu irmão) na sociedade de advogados criada por estes últimos em 1999 e dissolvida em 2005."
Aqui não preciso de comentar. A justiça e a corrupção confundem-se. E no país na West Coast vamos aos soluços para o fundo azul que preenche os cartazes por Lisboa. Salve-se se puder. "Só eu sei porque não fico em casa". Ou outra forma de dizer que apesar da vergonha, a luta continua. Com tranquilidade.
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