Um dia um homem decidiu escrever poesia. A vida não corria bem, o tempo mudava rapidamente, a política instável como as estações. Ao escrever poemas pensou que, não salvando o mundo, salvava pelo menos a língua. Conheceu a guerra, deu morte a homens e outros animais. Regressou à noite, aos poemas e às mulheres. Nisto, aconteceu uma noite de fados e navalhas no dia do Corpo de Cristo. O resto, já se desconfia: tocado a vinho furou um homem importante e acabou na Índia como servidor do rei de Portugal. Passaram alguns anos, mais umas quantas mulheres, mais umas quantas páginas de poesia. Pelo meio um naufrágio e muitas dívidas.
Parece que muitos erros e alguma má fortuna, como convém a homens esclarecidos.
A morte surpreendeu-o entre a poesia. Não se rasgou o templo, não se converteram centuriões, não se inaugurou um novo reino. Foi apenas um homem que passou.
Parece que muitos erros e alguma má fortuna, como convém a homens esclarecidos.
A morte surpreendeu-o entre a poesia. Não se rasgou o templo, não se converteram centuriões, não se inaugurou um novo reino. Foi apenas um homem que passou.
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