Hoje pensei falar de mercados. De mais um editorial brilhante do senhor director e dos seus equívocos, agora que está quase a descobrir, embalado pela voz mansa e doce do Financial Times, a necessidade de regular a economia. Pensei falar de mais uma página em marfim, esculpida pela elegência intelectual de Larinda Alves: "é impossível não falar do casal Sarkozy-Bruni". Com efeito é impossível não falar de qualquer casal que se atravesse entre a maioria dos colunistas dos jornais portugueses (excepção para Rui Tavares, António Barreto e Pacheco Pereira) e os meus olhos (mesmo se esse casal são apenas namorados de Lisboa, entalados num vão de escada, num cacilheiro a caminho do Montijo, enfim os amantes sem dinheiro daquele poeta portuense nascido na Beira Baixa). Mas reconheço que Lisboa não é Paris. Oh, como podia ser. Ao menos temos a cronista das coisas da vida dizendo-nos que haverá sempre "quem nos salve".
Contudo, apesar do inegável conforto desta certeza salvífica, é impossível manter a lucidez no mar em que se agitam estes personagens forjados pela mercado da concorrência entre jornais. Agoniado decidi recolher ao meu lugar dentro deste grande navio onde vamos a caminho do progresso. Fui para dentro, como sempre aconselha paternalmente o António Silva (obrigado António). Hoje pensei falar de mais um artigo na fogueira da escola pública: "o estado como garante e não como prestador". Contudo, fiquei embasbacado com a eficácia do mercado, na forma como cria valor nas páginas dos nossos jornais: a erudição dos comentadores, o rigor das suas análises, o cuidado com o discurso, a independência da reflexão, a profundidade das ideias, o acerto dos temas... Nisto, talvez tenha passado mais um casal a caminho do cinema. Se bem que não era nem Sarkozy nem Bruni. Apenas dois adolescentes do Cacém, à procura do tal poema de que falava Ary dos Santos. Reconheço que sem o brilho dos franceses. Nós somos assim, comemos pevides e bebemos cerveja.
Talvez este seja um tema tão esgotado como os meus olhos nestas últimas semanas (as páginas cada vez mais enevoadas). Deve ser do tempo. Deve ser da chuva. Oblíqua.
Contudo, apesar do inegável conforto desta certeza salvífica, é impossível manter a lucidez no mar em que se agitam estes personagens forjados pela mercado da concorrência entre jornais. Agoniado decidi recolher ao meu lugar dentro deste grande navio onde vamos a caminho do progresso. Fui para dentro, como sempre aconselha paternalmente o António Silva (obrigado António). Hoje pensei falar de mais um artigo na fogueira da escola pública: "o estado como garante e não como prestador". Contudo, fiquei embasbacado com a eficácia do mercado, na forma como cria valor nas páginas dos nossos jornais: a erudição dos comentadores, o rigor das suas análises, o cuidado com o discurso, a independência da reflexão, a profundidade das ideias, o acerto dos temas... Nisto, talvez tenha passado mais um casal a caminho do cinema. Se bem que não era nem Sarkozy nem Bruni. Apenas dois adolescentes do Cacém, à procura do tal poema de que falava Ary dos Santos. Reconheço que sem o brilho dos franceses. Nós somos assim, comemos pevides e bebemos cerveja.
Talvez este seja um tema tão esgotado como os meus olhos nestas últimas semanas (as páginas cada vez mais enevoadas). Deve ser do tempo. Deve ser da chuva. Oblíqua.
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