sábado, 1 de dezembro de 2007

Poesia de bolso

"Então todos compreenderam que a memória da árvore nunca mais se perderia, nunca mais deixaria de os proteger, porque os poemas passam de geração em geração e são fiéis ao seu povo." A Arvore, Sophia de Mello Breyner Andresen


Volto à carga em Oeiras. Desta vez o tema é o Parque dos Poetas. Há muito que falo nisto, mas nunca o escrevi antes. O Parque dos Poetas é feio. Perdeu-se uma boa oportunidade de ser ter um espaço verde com uma area consideravel (25ha no projecto original, o Central Park tem 341ha por exemplo), para passar a ter um espaço com demasiado cimento, marmore e estruturas metálicas, estadio de futebol e respectivas bancadas, e pior de tudo uma alameda de consagração a poetas. Esta ideia de homenagem fruto de um riquismo foleiro e de cultura de pedra marmore, acompanhada por intervenções de jardinagem muito discutiveis, é na minha opinião um grande erro. Um parque urbano por conceito é um espaço livre de edificios e de intervenções, onde existe em abundância espaços verdes de forma a que o visitante possa extactamente usufruir desse espaço. Uma alternativa com espaços de relva, pequenos lagos, etc, alem de muito mais barata teria uma componente importante: não está associada a temas, é imtemporal. É legado para o futuro. Nada me move contra os poetas, pelo contrário até, mas acredito existirem outros meios de perpetuar a sua obra.

Outra questão é a propria expansão do parque para o futuro. Neste momento dos 25ha apenas 10 estão construidos. Já houve polemicas com a construção de um predio de varios andares no espaço do parque e que foi embargado. Durante a campanha das autarquicas foi prometido novas revelações para o parque, assim como girassois que iam alegrar o espaço. De facto foram colocados, de facto cresceram. De facto secaram. O Parque continua parado. O prédio continua de pé apesar de embargado e aguarda-se por decisão do tribunal. Que futuro? Olhemos para lá fora. Veja-se o Central Park ou o Hide Park. Não era preciso ir muito longe. Veja-se o parque da Cidade do Porto. O betão em Oeiras claramente começa a ganhar e há que começar a pensar seriamente que rumo que tomar e que alternativas existem, para evitar males piores. A luta ainda mal começou.

1 comentário:

Vitor Correia disse...

Sim, também creio que em Oeiras o betão começa a ganhar.
Mas estarão os Oeirenses a fim de defender os seus espaços verdes? Tenho dúvidas.
Vai ser necessário constituir o, chamemos-lhe assim, espaço público, o que nem com o 25A sucedeu - pelo contrário.
Temos que falar acerca disso - no blogue, e onde mais calhar. Até pode ser no Parque dos Poetas - um passeio filosófico...