Claro que a culpa não é do Magister Neves. Podemos invocar antes do mais as assobiadelas ao Pringle, esse ponto de lança luxuoso, clássico direi mesmo, que o benfica requisitou às neves da Suécia para gelar os adversários. Acontece que foram os sócios e a direcção que acabaram gelados com as exibições do jogador nórdico. Vem isto a propósito do nosso espaço Always on my mind. O breviário comentado que aqui apresentamos não pretende ridicularizar os cronistas uma vez que os próprios conseguem fazê-lo melhor do que ninguém (o Magister Neves é um exemplo eloquente). O que se pretende é justamente prevenir os leitores do que as colunas de opinião dos jornais de referência, bem como os espaços de comentário das televisões, são cada vez mais um espaço pervertido, onde as informações são passadas de forma leviana e sem qualquer tipo de escrutínio. Isto resulta de um equívoco dramático que Fernando Savater (na sua forma despretensiosa) identificou de forma muito clara:
“O estúpido direito a ter opinião que não é o direito de pensar por si mesmo e submeter a uma confrontação racional o pensado, mas sim o de manter a própria crença, sem que ninguém interfira com incómodas objecções. Viver numa sociedade plural impõe assumir que o que é verdadeiramente importante são as pessoas , não as suas opiniões e que estas devem ser escutadas e discutidas e que não nos devemos limitar a vê-las passar, sem as tocar, como se fossem vacas sagradas”
Fernando Savater, O valor da educação, Presença, Lisboa, 1997
O que está em causa é um poder absolutamente determinante na vida de cada um de nós. Como todos sabemos os jornais de grande tiragem, as televisões e, felizmente, cada vez mais a net, determinam parcialmente eleições, decisões políticas, formas de pensar e até empregos, para já não falar no seu papel cada vez maior na construção do tecido económico. O último que tentou colocar a questão, o deputado Carrilho, apesar da forma arrogante com que o fez, talvez não merecesse ter sido atropelado como foi. A verdade é que assistimos ao passear de opinião sem contraditório, sem esclarecimentos, de discursos disparatados que por serem tidos como opiniões são considerados intocáveis. Caro leitor, concordo que todos têm o direito a opiniões. Mas convém que elas sejam bem argumentadas, inteligentes e informadas. O problema do Magister Neves (como aliás outros cronistas a “convidar” ao nosso espaço) é que raramente consegue reunir estas três condições em simultâneo. Reproduzo aliás a sua observação com a qual concordo em absoluto: “Esta reverência da nossa dita comunicação dita social para com determinadas personalidades é que me incomoda. Lembro-me sempre do "só sábios éramos não sei quantos...", CS obviamente incluída”.
Não significa isto tornar os meios de comunicação bodes expiatórios dos impasses políticos. Significa que é preciso verdadeira pluralidade. Significa que o jornalismo não deve ser uma missão (como Miguel Sousa Tavares relembrava ontem a Ana Lourenço na Sicnotícias) mas uma profissão, uma dedicação. Se assim fosse talvez os disparates diminuíssem ainda que, como é óbivo e sempre nos recorda o velho Platão, ter ciência é saber que ela nos pode abandonar a qualquer momento.
“O estúpido direito a ter opinião que não é o direito de pensar por si mesmo e submeter a uma confrontação racional o pensado, mas sim o de manter a própria crença, sem que ninguém interfira com incómodas objecções. Viver numa sociedade plural impõe assumir que o que é verdadeiramente importante são as pessoas , não as suas opiniões e que estas devem ser escutadas e discutidas e que não nos devemos limitar a vê-las passar, sem as tocar, como se fossem vacas sagradas”
Fernando Savater, O valor da educação, Presença, Lisboa, 1997
O que está em causa é um poder absolutamente determinante na vida de cada um de nós. Como todos sabemos os jornais de grande tiragem, as televisões e, felizmente, cada vez mais a net, determinam parcialmente eleições, decisões políticas, formas de pensar e até empregos, para já não falar no seu papel cada vez maior na construção do tecido económico. O último que tentou colocar a questão, o deputado Carrilho, apesar da forma arrogante com que o fez, talvez não merecesse ter sido atropelado como foi. A verdade é que assistimos ao passear de opinião sem contraditório, sem esclarecimentos, de discursos disparatados que por serem tidos como opiniões são considerados intocáveis. Caro leitor, concordo que todos têm o direito a opiniões. Mas convém que elas sejam bem argumentadas, inteligentes e informadas. O problema do Magister Neves (como aliás outros cronistas a “convidar” ao nosso espaço) é que raramente consegue reunir estas três condições em simultâneo. Reproduzo aliás a sua observação com a qual concordo em absoluto: “Esta reverência da nossa dita comunicação dita social para com determinadas personalidades é que me incomoda. Lembro-me sempre do "só sábios éramos não sei quantos...", CS obviamente incluída”.
Não significa isto tornar os meios de comunicação bodes expiatórios dos impasses políticos. Significa que é preciso verdadeira pluralidade. Significa que o jornalismo não deve ser uma missão (como Miguel Sousa Tavares relembrava ontem a Ana Lourenço na Sicnotícias) mas uma profissão, uma dedicação. Se assim fosse talvez os disparates diminuíssem ainda que, como é óbivo e sempre nos recorda o velho Platão, ter ciência é saber que ela nos pode abandonar a qualquer momento.
1 comentário:
Estamos, portanto, de acordo. Apenas tentei focar o Magister em fato de trabalho porque o post parecia retratar uma pessoa absolutamente execrável, que ele não é. Tem as suas ideias... que deviam ficar em casa.
Agora, na sua "coluna de opinião" ele, tal como o timoneiro da Mensagem, "é mais do que ele". É uma das manifestações de um sistema tremendamente perverso, face ao qual todo o cuidado é pouco...
Enviar um comentário