"Certamente que a concepção de que a paz é o objectivo da guerra e, portanto, de que uma guerra é a preparação para a paz, é tão antiga como Aristóteles, e a pretensão de que a finalidade de uma corrida ao armamento é a manutenção da paz é ainda mais antiga, isto é, tão velha como a descoberta da falsa propaganda. (...)"
Universidade de Princeton, na Primavera de 1959
ARENDT, Hannah, Sobre a revolução, Relógio D'Água, Lisboa, p. 12-17).
Tal como um dia escreveu Milan Kundera a política é sempre uma luta entre a memória e o esquecimento. Talvez por isso os cursos de humanidades, onde uma grande parte do tecido teórico se encontra voltado para o passado, se encontram hoje numa situação difícil. Opiniões todos temos. Não se trata, portanto, de discutir a questão moral. A ética é sempre uma geometria de espaços e, por isso, uma luta justificada por necessidades. Assim resta-nos tentar perceber quem leu ou quem não leu, quem analisou ou quem não analisou, quem trabalhou o problema ou quem trabalhou o seu percurso pessoal - talvez seja a hora de uma crítica de fundo ao paradigma dos vícios privados/virtudes públcias. Porque há coisas discutíveis como a participação de uma força militar internacional num inequívoco cenário de violência política e opressão. Mas há também coisas muito pouco discutíveis como as relações entre o ritmo cardíaco e o suporte da vida ou como a superficialidade intelectual de grande parte dos líderes políticos de sucesso. Como a barbaridade da guerra e a grave mentira dos fins justificados. Talvez seja essa a moral da grande História. A nossa escassa vida nãos nos permite ser duas coisas em simultâneo no mesmo espaço de tempo.
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