quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Acordai!

Num mundo onde cada vez mais se vê pessoas adormecidas, a caminhar sem rumo ou a ir caminhando por caminhar, onde poucos sinais de alegria se fazem sentir, onde pouco valor é dado ao que se tem e muito se dá ao que se quer ter, onde o umbigo próprio tem mais importância que o alheio, onde se vê tão pouca motivação e tão pouca vontade de assegurar projectos, dar a cara e ir à luta tenho uma certa vontade de ter um megafone gigante e de vez em quando pôr a tocar esta música de Fernando Lopes-Graça que foi um dos mais notáveis compositores e musicólogos contemporâneos nascido a 17 de Dezembro de 1906, em Tomar.
Eu que conheci esta música quando tinha dez anos e logo me apaixonei por ela e cedo tive esta vontade de dizer ao mundo "ACORDAI!".

2 comentários:

Vitor Correia disse...

Uma bela canção... boa para o vosso coro.
Mas dou comigo a pensar - o que aconteceu? Onde param os Lopes Graça e os Gomes Ferreira de agora? E motivos não faltam...
Dá ideia que só quando o Mundo estiver à beira do abismo (já faltou mais...) é que surgirá um movimento de resistência consistente...
Um sofismazito, para animar: afinal o fascismo é uma excelente coisa...

caldo verde disse...

Dou apoio à moção da canção Acordai para o coro da Ermida! :)
Em tom de resposta ao comentário anterior, mas mais inclinado à divagação, tenho a sensação que a situação com que nos deparamos nos dias de hoje e, em particular, na camada mais jovem da sociedade portuguesa, não é tanto de um adormecimento mas mais de um estar no escuro.
Ainda não completamente cegos como no belo e terrível livro de
Saramago, mas apenas num quarto sem iluminação. O problema é que existem infinitas possibilidades de como o iluminar, e pelas paredes estão espalhados inúmeros interruptores de todas as formas e feitios (não tarda nada estou a falar da alegoria da caverna...). O que acontece é que as pessoas dentro do(s) quarto(s) não sabem qual o interruptor que devem utilizar e passam o tempo a acender um, depois o outro, depois dois e três ao mesmo tempo, depois nenhum, e tão compenetrados nesta tarefa andam, que perdem a noção do objectivo primário, que é iluminar o quarto com uma fonte de luz estável e permanente.
Perante tanta opção estão cada vez mais incapacitados de escolher uma só.
Acaba por ser um bocado o caminhar por caminhar, ou seja, acender e apagar interruptores só para não dizer que não se faz nada, sem no entanto solucionar o problema raíz.
Ai como a vida era tão mais simples quando tínhamos o "finitros"!

P.S. O finitros foi um conceito por mim inventado por volta dos 4 anos, perante a impossibilidade de assimilar que depois de números imensamente grandes se encontrava o infinito (que eu chamava de infinitros). Achei que necessitava de haver um limite (daí o finitros) e depois, se assim insistiam, ficava a infinidade. Sumarizando, um, dois, três.... dez milhões, um trilião, finitros e infinitros!