quarta-feira, 26 de outubro de 2016
segunda-feira, 24 de outubro de 2016
segunda-feira, 3 de outubro de 2016
A Bíblia grega e a economia das mordidelas
Numa aliança cósmico-deprimente o universo em todos os sentidos e extensões conjugou-se numa semana fundamentalmente triste. Este autor foi obrigado a ter conhecimento de uma belíssima entrevista onde valter josé antónio hugo saraiva mãe se queixa do poeta Vasco Gato, pessoa sensível em todos os sentidos, caracterizada literária e academicamente por ser um jovem poeta e ser humano muito promissor, isto vai para mais de vinte anos. Não vou entrar em pormenores sobre o incidente, tendo em conta que nessa mesma entrevista (e aviso todas as adolescentes com ligações ao Opus Dei) o referido escritor das Caxinas (terra de Fábio Coentrão) aparece integralmente nu a passear a mangueira num corredor. Também não quero com isto ser acusado de homofobia, adoro homens - Grimaldo, Lindelof, Pizzi (este também já fotografado, embora acidentalmente, em nu integral), só para referir três exemplos morfológicos muito distintos - mas considero lateral à arte da literatura a exposição pública dos órgãos genitais, no fundo, sou um gajo que apenas gosta de livros.
Por outro lado, a entrevista, e sem ponta de reprocessamento, é uma entrevista interessante, quanto mais não seja por vermos um gajo que fala de coisas, e não se esconde apenas em tópicos de neuromarketing acerca do sofrimento humano. Deve ter sido a primeira vez que um autor falou do preço de um livro e se acertaram contas com quem de direito, sobretudo com gajos que fazem as vezes de sofredores e devem ser uns gajos sofredores com muita capacidade de comercializar o seu sofrimento, pelo que temos todos a agradecer ao valter josé antónio hugo saraiva mãe, o facto de ir a jogo com mexericos da sua própria lavra, metendo os colhões no lume, e não invocando qualquer auxílio do reino dos mortos. Os meus parabéns. Só falta começar a escrever bons livros.
Por outro lado, o cervejeiro amador, Afonso Cruz, foi agraciado com 15 000 euros, na sequência do prémio literário Fernando Coitado Namora, cuja verba foi arregimentada pelo Estoril Sol, yeah, e com um júri presidido pelo boneco embalsamado, Guilherme de Oliveira Martins, uma pessoa que deve a sua carreira a um remoto grau de parentesco com um amigo do cônsul de Portugal em Paris, José Maria o Espertalhaço Eça de Queirós, júri esse onde se conta ainda um membro da Associação Portuguesa de Críticos Literários (com francas relações de amizade com a Associação Portuguesa de Protecção da cabra do Gerês). O valor pecuniário em apreço, 15 000 euros, é bastante simpático, sobretudo por se ter anunciado que a cabeça de Salman Rushdie só vale cerca de 500 mil euros, segundo os ai-atolas do Irão, o que eu desconhecia em absoluto, caso contrário, talvez tivesse considerado uma outra saída profissional. Justa, portanto, esta menção ao autor de Flores, Afonso Cruz. A literatura, o turismo, a cerveja e todos os escritores de simpatia marxista a quem já só resta um nome, estão de parabéns.
A encerrar esta improvável sequência de acontecimentos bastante prováveis, José Tolentino Mendonça escreve sobre a tradução do livro mais estafado de todos os tempos, a Bíblia. Como é comum no nosso quintal, Frederico Lourenço meteu-se no quintal do vizinho e foi agraciado com o chamado cartão amarelo, pois segundo o vice-reitor da Universidade Católica, «é bom não morder a mão que nos dá o pão» isto pelo singelo facto de Frederico Lourenço, um católico convicto, se ter arriscado a dizer a impossível máquina de perversidades que se transcreve em seguida:
Por outro lado, a entrevista, e sem ponta de reprocessamento, é uma entrevista interessante, quanto mais não seja por vermos um gajo que fala de coisas, e não se esconde apenas em tópicos de neuromarketing acerca do sofrimento humano. Deve ter sido a primeira vez que um autor falou do preço de um livro e se acertaram contas com quem de direito, sobretudo com gajos que fazem as vezes de sofredores e devem ser uns gajos sofredores com muita capacidade de comercializar o seu sofrimento, pelo que temos todos a agradecer ao valter josé antónio hugo saraiva mãe, o facto de ir a jogo com mexericos da sua própria lavra, metendo os colhões no lume, e não invocando qualquer auxílio do reino dos mortos. Os meus parabéns. Só falta começar a escrever bons livros.
Por outro lado, o cervejeiro amador, Afonso Cruz, foi agraciado com 15 000 euros, na sequência do prémio literário Fernando Coitado Namora, cuja verba foi arregimentada pelo Estoril Sol, yeah, e com um júri presidido pelo boneco embalsamado, Guilherme de Oliveira Martins, uma pessoa que deve a sua carreira a um remoto grau de parentesco com um amigo do cônsul de Portugal em Paris, José Maria o Espertalhaço Eça de Queirós, júri esse onde se conta ainda um membro da Associação Portuguesa de Críticos Literários (com francas relações de amizade com a Associação Portuguesa de Protecção da cabra do Gerês). O valor pecuniário em apreço, 15 000 euros, é bastante simpático, sobretudo por se ter anunciado que a cabeça de Salman Rushdie só vale cerca de 500 mil euros, segundo os ai-atolas do Irão, o que eu desconhecia em absoluto, caso contrário, talvez tivesse considerado uma outra saída profissional. Justa, portanto, esta menção ao autor de Flores, Afonso Cruz. A literatura, o turismo, a cerveja e todos os escritores de simpatia marxista a quem já só resta um nome, estão de parabéns.
A encerrar esta improvável sequência de acontecimentos bastante prováveis, José Tolentino Mendonça escreve sobre a tradução do livro mais estafado de todos os tempos, a Bíblia. Como é comum no nosso quintal, Frederico Lourenço meteu-se no quintal do vizinho e foi agraciado com o chamado cartão amarelo, pois segundo o vice-reitor da Universidade Católica, «é bom não morder a mão que nos dá o pão» isto pelo singelo facto de Frederico Lourenço, um católico convicto, se ter arriscado a dizer a impossível máquina de perversidades que se transcreve em seguida:
E remata Tolentino Mendonça, ponta de lança da interpretação organizada num colégio com voto de castidade, a Igreja: «Cada um tem direito à sua naiveté e às ilusões que quiser,
mas entendamo-nos: não existe “a tradução” da Bíblia.» Com isto, crava uma rebrilhante e franjada bandarilha no cachaço taurino de Frederico Lourenço, ponta de lança da interpretação organizada num colégio sem voto de castidade, a Universidade.
Pois é caros leitores, saudemos a festa da vida e celebremos o facto de termos vivido o tempo suficiente para vermos um teólogo oficial da Igreja Católica, a invocar a pluralidade das interpretações, para se defender do contra-ataque universitário das Humanidades, desta feita, Humanidades decadentes e forçadas a disputar o parco alimento disponível no campo da auto-ajuda, pois que já só isso resta. Quando são muitos os cães a disputar um naco de pão, já muito velho e bolorento, é normal acabar tudo à dentada, pelo que apenas posso recomendar ao avisado leitor: cuidado com os dedos, quando for alimentar cães demasiado esfomeados.
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