terça-feira, 30 de novembro de 2010

5 a zero como eu todos os dias

e ando aqui hirto e firme, obstinadamente tentando fazer aquilo para que sou pago. Uma besta asinina, tal qual o besugo. Em Tomar não neva, mas está um frio de rachar ui ai se não está.

Ainda ontem uma aluna me acusou de a tentar chumbar. Só porque ela me apareceu com um trabalho fotocopiado e me pediu ajuda copiar as respostas. Se isto não é estar a perder por 2 a zero à passagem do quarto de hora, não sei o que será.

Mas este tipo de coisas um gajo até aceita com um sorriso nos lábios. Afinal o Orçamento de Estado é o que é, e parece que é feito por gente com capaz de atar os sapatos sem ajuda. Adiante. Eu vinha aqui mesmo era para introduzir uma nova unidade de tempo, o Vasco Lobo Xavier (VLX). Se submarino do Portas é uma unidade monetária, comprei duas dúzias de maçãs por 0.00000000000004 submarinos do Portas na praça à dona Almerinda, então porque não o VLX para unidade de tempo ? Assim que soube do percalço do Mourinho, indaguei. Quanto tempo demorá o VLX a fazer um post com referências ao último Porto-Benfica ? 18 minutos, mais coisa menos coisa.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

domingo, 28 de novembro de 2010

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inwardness - the choicest or most essential or most vital part of some idea or experience; "the gist of the prosecutor's argument"; "the heart and soul of the Republican Party"; "the nub of the story"

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Assim sendo, tanto na perspectiva da passagem «A» como do ponto de vista da passagem «B», resta-nos cometer o suicídio

«Este não é mais um livro, nem sequer mais um bom livro. É um livro que marcará um momento na literatura portuguesa», defendeu Zeferino Coelho, concluindo que, em 2110, «haverá colóquios e congressos com especialistas que vão estudar a passagem «A» ou «B» da obra ou as consequências que esta teve na literatura». Palavras e prognósticos que foram secundados por Vasco Graça Moura.


«É um livro cheio de fantasmas, fantasmas dos Lusíadas, fantasmas do homem contemporâneo, uma viagem, uma antiepopeia, e é um livro extraordinário. Estou convencido de que dentro de cem anos ainda haverá teses de doutoramento sobre passagens e fragmentos». (Vasco Graça Moura, «A Torto e a Direito», TVI24, 6/11/10)

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Aos defensores da diversificação ao nível das fidelidades intelectuais terei que confessar a minha lamentável reincidência em autores da margem sul

Nem sequer gosto de citações longas e se há merdas que me irritam na historiografia brasileira é a insistência com que coleccionam longos trechos de cartas de governadores do Rio de Janeiro do ano de 1731 em teses de doutoramento dos mais variados temas históricos só porque foram sugestionados com a ideia pós-moderna de que uma citação longa se transforma num testemunho com a credibilidade daquelas confissões de velhinhos contra fundo negro filmadas pela BBC no intuito de convencer o espectador médio de que o holocausto existiu mesmo (Israel, amigo, além de um abraço, isto nada tem que ver com o Apoel). Acontece que o autor que em baixo se aduz, com a mais despretensiosa reverência - e o Senhor Jesus sabe como temos trabalhado uma singela citação (a próxima etapa implicará o desgraçamento moral) - continua a ser o que de melhor existe no âmbito da crítica intelectual nestes nossos dias que são últimos. Como a humildade é uma virtude próxima das lamas da criação, e dizem que Tchékov copiava à mão contos de Tolstoi, «para trabalhar o estilo», eu não me envergonho de espetar aqui com mais um pedaço de luta pelo esclarecimento e pela emancipação, único apanágio do trabalho intelectual, e algo que até um taralhoco como Eduard Said foi capaz de perceber. Dizer apenas (ajeitando a gravata e puxando o microfone parlamentar para um raio de dez centímetro a contar da ponta do meu pronunciado nariz) que pode juntar-se as essas notas sobre ciência uma merda chamada Livro de Dança, ou outra versando sobre essas monumentalidades do pensamento ocidental que são Maria Filomena Mulder e Gabirela LLansol o que por si só bastaria para medir o nível de desnorte intelectual, emocional e científico que graça em certas cabeças laureadas. Peço a Deus, encarecidamente, e todos o dias, depois de lavar meticulosamente a dentuça com pasta medicinal Couto, que me guarde de tais coisas ou que me assista, num momento de hipotética fraqueza, com um caçadeira de canos cerrados com que fuzile qualquer tentativa de me agraciarem com um prémio. Até porque, para tal, terei que publicar, e isso, o senhor seja louvado, ainda está nas minhas desesperadas mãos.


...lembro-me distintamente de lhe ler uma coisa lá dele, em pé na Livraria Trama, o Breves Notas Sobre Ciência (Relógio d'água, 2006), podendo dizer com segurança que é uma das piores coisas que li na vida, um monte de fotografias do fujimori, inconsequentes clichês de jorge luis borges na cabeça, sem qualquer sentido, direção ou lógica; tresanda a digestivo podre de noções de filosofia da ciência, um amontoadozito de zenões de cinco ou seis frases (dipostas do fundo da página para cima, claro), que nem para uma historiografia do que é a recreação adolescente mereceriam salvação (não me pagam para concretizar).

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Amanhã é dia de greve

e este video devia estar num blogue qualquer perto de si

Enquanto o Presidente da República não explica a diferença entre mercado primário e secundário devo acabar a minha própria luta de cães


Não é só o Alf que posta à meia-dúzia de cada vez

Três vezes. Desde que a ditadura foi embora e o povo tomou as rédeas dos seus destinos que o FMI já cá veio três vezes. A data da terceira vinda, tal como o segredo do Fátima cujo santuário espero ainda não ter sido interditado ao público em geral, demora em saber-se mas sabe-se que se vai saber mais dia menos dia. A ser como o terceiro segredo de Fátima, a vinda do FMI coincidirá com Sporting ganhar o campeonato, improvável mas não impossível, embora eu não esteja a ver quem no FCP actual faz as vezes de Secretário.

Se em pouco mais de 30 anos de liberdade, o povo já teve que comer umas bordoadas do FMI por duas vezes estando a terceira prometida para breve, não será tempo de tirar as rédeas do poder ao povo e o colocar no seu devido lugar, que é albardado e a puxar a carroça ? Se, como muito bem foi relembrado aqui e ali e acolá, as 200 famílias que essencialmente controlam o graveto neste jardim à beira mar falido não mudaram após Abril, para quê continuar com a farça ? Para termos greves a meio da semana e feriados em Abril ? Haja paciência.....

Fura greves, é o que tu és


O direito à greve é uma coisa muito linda, mas gostava que me explicassem qual o objectivo de tal exercício social. O que é que se pretende exactamente ? Pedir a demissão do Sócrates ? O homem é peçonha que vamos ter que aguentar durante pelo menos mais alguns meses. Mudar a política do governo ? Exactamente como, ou os grevistas têm um PEC e um orçamento de estado alternativo a oferecer ? Estão chateados com o Sócrates ? E quem é que não está ? O exercício da greve é fútil. O governo não vai cair, o PSD espero que nunca lá chegue. E reparem que eu até sou um tipo que guina à direita, mas o Passos Coelho é farinha do mesmíssimo saco que o Sócrates. Antes burro que me carregue que cavalo que me derrube.

A foto tirei-a na minha aula de ontem à tarde. Ou saquei-a da net. A realidade tende a imitar a ficção e ao contrário também.

A greve de quarta a empurrar o turismo intra-muros

O Carvalho da Silva indignava-se ontem com os serviços mínimos a que estão obrigadas a CP e a Soflusa (cito de cabeça). Que não percebe para quê tantos comboios, coiso e tal. Eu dou uma ajuda. Por incrível que possa parecer, existem pessoas que se deslocam de comboio durante a semana e não apenas nos pendulares de sexta e domingo. Por mais extraordinário que possa parecer a CP ainda fornece um serviço público com alguma qualidade e utilidade à populaça em geral, a mim em particular. Em vez de agarrar no carro, que não tenho, e gastar o dinheiro, que me faz falta, em gasolina e portagens venho até à cidade templária de regional. São duas horas ocupadas a imaginar como motivar as néscias almas que, qual movimento browniano, confluem para a mesma sala que eu. Mas ó sô Carvalho, isto sou eu. Deus me livre, se ainda não foi ilegalizado, de relembrar sua excelência que existe uma quantidade apreciável de povo que precisa dos transportes públicos para poder ganhar p'a bucha.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Luta de cães ou como somos reles quando os donos dos cães tentam fazer qualquer coisa pelo mundo e nós a ler livros, meu deus, a ler livros


A pessoa que escreveu as linhas que se seguem, foi convidada para falar, repito, para falar, no âmbito da comemoração do dia mundial da filosofia, repito, do dia mundial da filosofia, não no dia mundial da filosofia para crianças, nem no dia mundial da luta de cães, nem no dia mundial da luta contra as mulheres que vestem mias 100 peças de roupa branca por ano, mas sim no dia mundial da filosofia, e sobre política e cidadania, ao que parece no Colégio do Sagrado Coração de qualquer coisa (agora não me recordo, vejam no link), pelo que tenho tido dificuldade em respirar nestes últimos minutos e tenho mesmo procurado suicidar-me continuadamente com um volume das obras completas do cardeal Ratzinger atado ao pescoço, tendo enchido a banheira para tal efeito, mas sendo apenas obsequiado, até ao momento, com algumas escoriações, um tapete molhado e um resfriamento, para grande infelicidade de todo o auditório que nos segue.


Algumas palavras interpretativas. O cão que de certa forma foi vítima, prepara-se, alegadamente, para fazer cócó, defronte da fachada neo-clássica da Igreja dos Mártires (a necessitar de confirmação), ou está na ressaca de uma epifania da ética. Como não louvar os donos de cães que apesar da tensão do momento conseguem transcender-se e não espetar dois tiros de caçadeira nos miolos de meio Portugal a propósito de uma desesperante mordidela de um cão no seu próprio cão? Faça-se notar aos mais distraídos, e aos menos especializados nestas coisas da política e da cidadania, a éticamente irrepreensível posição dos transeuntes. E o que dizer dos romenos, não se desiquilibrando das escadas, nem do passeio, nem nada? E o que não seria de prazer ético e de sabedoria se lá tivessemos estado, e presenciado aquela cena muito agressiva e breve em que dois cães foram de certa forma vítimas da inteligência de Laurinda Alves? Mas o que somos nós? Eu que tenho falhado os grandes momentos da vida pública portuguesa, tenho a irrelevância e a infâmia de ter também falhado esta performance ética inolvidável, apesar dos nervos, dos muitos nervos do momento.

Ora aí está mais um exemplo escandaloso da ilegalização de Deus nas elites Europeias

O Conselho de Ética da José de Mello Saúde é presidido pela Profª. Doutora Paula Martinho da Silva e tem a seguinte composição:
Profª. Doutora Isabel Renaud (católico)
Dr. João Paulo Malta (provavelmente católico)
Padre Nuno Amador (até prova em contrário, católico)
Dra. Rita Amaral Cabral (provavelmente católica)
Presidente do Conselho de Enfermagem da JMS, Enfª Helena Valentim Abrantes (não sei, as enfermeiras às vezes envolvem-se em coisas esquisitas)
Presidente do Conselho Médico da JMS, Prof. Doutor João Paço (católico)

Ah, os mercados II

A nuvem da Boa Nova vem cavalgada pelos José de Mello

José de Mello, SGPS
Conselho de Administração Presidente Vasco Maria Guimarães José de Mello Vice - Presidente Pedro Maria Guimarães José de Mello Vogais Gonçalo Maria Guimarães José de Mello João Maria Guimarães José de Mello João Pedro Stilwell Rocha e Melo Joaquim Augusto Moreira Aguiar Jorge Caldas Gonçalves José Luís de Almeida Fernandes Salvador Maria Guimarães José de Mello
Comissão Executiva Presidente Vasco Maria Guimarães José de Mello Vice - Presidente Pedro Maria Guimarães José de Mello
Vogais João Maria Guimarães José de Mello João Pedro Stilwell Rocha e Melo Jorge Caldas Gonçalves Salvador Maria Guimarães José de Mello
Mesa da Assembleia Geral Presidente Fundação Amélia da Silva de Mello
Secretários Manuel Abreu Gomes Luís Eduardo Brito Freixial de Goes
Fiscal Único Efectivo Albuquerque Aragão & Associados (SROC)
Suplente João Florêncio Vicente de Carvalho - ROC
Secretário da Sociedade Manuel Abreu Gomes Luís Eduardo Brito Freixial de Goes

Ah, os mercados

Momento em que a República se agacha para apanhar um sabão...
LOURES
Concurso foi lançado no ano passado. Ainda em apreciação estão propostas do Grupo Mello, Santa Casa da Misericórdia, Grupo Espírito Santo e Hospitais Privados de Portugal.
CASCAIS
Obra é construída e gerida pelo consórcio Teixeira Duarte/HPP Hospitais Privados de Portugal (Caixa Geral de Depósitos), em parceria com o Ministério da Saúde. A inaugurar em 2010.
BRAGA
O novo hospital em regime de parcerias público-privadas deverá estar a funcionar em 2009 e servirá os distritos de Braga e Viana do Castelo. A gestão privada é do Grupo Mello Saúde.
V. FRANCA DE XIRA
Construção em 2009. Até final do ano serão conhecidos os dois finalistas. Quatro consórcios candidatos, liderados por Grupo Mello, Cespu-Saúde, HPP/CGD e Espírito Santo.
Correio da Manhã, março de 2008

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Por falar em humanidade, bom fim de semana

Sabemos que a humanidade não está perdida

Quando acontece isto por causa disto. O pão que ficou engasgado na garganta quando vi esta manhã na TV esta gente. E não me lembro de melhor homenagem que podia ter sido feita.

E depois do amor
E depois de nós
O dizer adeus
O ficarmos sós

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Sites com sabor

"A grande limitação actual dos sites está relacionada com a impossibilidade de ter uma experiência sensorial completa, pois o tacto e cheiro estão ainda ausentes na Internet"

Tantas vezes que eu me prometi nunca mais comprar livros de gestão, marketing ou afins. Tantas vezes que acabo a cometer o mesmo erro. É o que dá entrar numa livraria no ínicio do mês.

Em tempos de crise, é necessário definir prioridades

e ontem fui ver o Carlos do Carmo com a Count Basie Orchestra. Burguês clamam alguns, foste ver quem perguntam outros. Pena que tenha sido no Pavilhão Atlântico, um conselho: nunca vão para a plateia no Pavilhão Atlântico. Pena que tenha sido curto. Pena que os músicos não tenham agraciado uma plateia que passou o tempo todo a aplaudi-los de pé, com um ou dois encores. Fora isso, a música foi genial.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Vai ser a noticia do dia

Exportações continuam a crescer mas importações desaceleram

ou quem como diz:

Adelaide de Sousa quer ter sexo sem compromisso comigo mas a Silvia Alberto também

Queria vir e deixar de escrever aqui

Mas não consigo. Esta semana comprei o Expresso e li o Fernando Seara a dizer: "Quando aqui cheguei pediam-me trabalho, depois foram casas, agora pedem-me de comer. Chegámos ao fim da linha". De facto, crianças com fome na escola enquanto outros dividem o bolo dos dividendos de 1.500.000.000€ parece-me algo que precisamos mesmo de mudar. Não me falem de justiça, que cada um tem o que merece, porque ainda hoje ouvi que a sentença da casa pia afinal vai ser cancelada por uma questão técnica no processo que o invalida. PC Portugal. Precisamos de muito melhor. Já chega. A sério.

Queria vir aqui mandar vir como já estou farto de estarmos sempre a falar da crise

E alguém já o fez por mim, neste notável elogio da crise

obrigado JR pelo link

Queria vir aqui e mandar vir com o sporting e com o treinador que temos

mas alguém já o fez por mim

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Rumoreia-se que o FMI está para chegar

e a senhora minha esposa, inquietada que anda com o estado do país, pergunta-me para quando a chegada dos "gajos dos FMI". Respondi que não sabia, mas que esperava que não fosse este fim-de-semana. A casa precisa de uma arrumação e eu não queria passar vergonha diante das visitas. A senhora minha esposa retorquiu com um sonoro "és tão parvo" enquanto se punha a ajeitar as almofadas no sofá.

Apesar da hora ser já tardia

penso que já é óbvia a minha descrença na democracia enquanto forma de escolher os glúteos que ocuparão Belém, São Bento e outros cadeirões afins. Resta portanto saber para onde prosseguimos se se abandonar a democracia.

Isto de ser pobre é uma canseira

e volta e meia ainda tenho que gramar com indíviduos que pensam que não se deve reclamar do o governo oposiçao que temos, porque afinal forams eleito pelos portugueses. Ora responsabilizar os eleitores pelos actos dos eleitos é asneira da grossa.

Em primeiro lugar, a população não tem outro meio de escolher quem governa a não ser votando nas listas que lhes são apresentadas. Mais, o processo de construção destas listas é tudo menos transparente e honesto e cada bípede eleito pode ser substituído após as eleições por qualquer outro bípde da lista.

Segundo, um eleitor tem que decidir o voto pesando mil e um factores: afecto político, tachos na familía, para que lado é que a maré está a virar, média de golos num jogo do Sporting na Europa, etc. É no mínimo rídiculo pensar que a intenção de voto é objecto de apurada reflexão. O tipo sai de casa, está sol e tem dinheiro para a bejeca, vota no governo. Se está de chuva ou falta o guito, vota nos outros. Pouco mais complicado que isto será a dinâmica de voto.

Terceiro, mesmo que o voto seja resultado de intensa meditação em retiro espiritual apropriado, existe sempre a possibilidade dos políticos serem uns sacanas duns mentirosos. Tome-se o Obama por exemplo. Agora é moda dizer-se que "era óbvio que o tipo não ia resolver os problemas do mundo. Aqueles americanos são mesmo uns tótós".  Pois, a memória é curta. O slogan da campanha foi "Yes we can" e quem quiser consultar os arquivos do Youtube, encontra este vídeo. Só faltou aos democratas declarar que o Obama era o Martin Luther King ressuscitado. Os americanos podem ser donos de um limitado entendimento intelectual mas o facto foi que a campanha do Obama o apresentou como a dádiva  de Deus aos US of A.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Posso ter sido um bocadinho rispído demais

com os cavalheiros na foto apensa. Afinal o Teixeira dos Santos tem ar de ser boa pessoa, amigo do seu amigo, bom pai de família e, parece-me óbvio, sócio do Sporting com as quotas em dia. O jovem de 67 anos que se vê do lado esquerdo também merece uma certa e quantificável dose de respeito. Ainda por cima, ostenta a medalha de ter sido o único ministro das finanças que conseguiu realmente baixar o déficit. Tudo bons rapazes, portanto. Mas aqui é que a porca torce o rabo, por assim dizer. Se este dois senhores, certamente intelectualmente acima do verme que vos escreve, nem conseguiram reduzir 1% ao Orçamento de Estado então qual era o problema de vivermos de duodécimos ? Mais se pergunta, qual é a função do Governo e da Oposição se nos tempos de aperto a que vamos sobrevivendo por enquanto, não é capaz de diminuir em um ponto percentual a ração da marsupial vaca pública ? A trinta e seis anos depois de Abril, a liberdade para decidir sobre o nosso futuro não chega a 1% ?  

Eu sou um tonto alegre que por aqui anda

mas isso não impede que almas bem-intencionadas me tentem puxar para ser um "cidadão mais activo na política. Estás sempre a mandar bocas, mas a ver se te vejo a arregaçar as mangas e mudar o país". A crítica é certeira, mas a verdade é que tenho muito mais que fazer. Tome-se a palhaçada da aprovação do orçamento. Se não estou em erro, o estado contava gastar este ano cerca de 65 mil milhões de euros. Suponha-se que conta gastar o mesmo para o ano que vem.  Ora os 500 milhões que tão orgulhoso deixaram o Eduardo Catrógada representam menos de 1% do valor total do bolo. Tanto barulho para isto ?

E claro, hoje o "mercado internacional", essa entidade tão misteriosa e elusiva quanto o bom futebol do Sporting, deu sinais claros de aprovação ao acordo a que se chegou. A sério ? Os dois PS's andaram à bulha durante meses por menos de 1% do bolo, e quando no final lá se fartaram toda a gente elogia o patriotismo destas almas. O sentido de Estado do Passos Coelho e a flexibilidade do Sócrates. Não tenho tempo para perder com palhaçadas. São capazes de dizer um do outro o que Maomé não disse do toucinho, tudo por menos de 1% do orçamento. Mas manter as migalhas do abono de família isso já não ? Nada de despesismos, que estamos em crise. É isso ? Se o Eduardo Catrógada considera a passada sexta-feira o ponto alto da sua vida, imagino a má-vida que tem levado.