terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Honesto estudo com longa experiência misturada: eis besugo

Peço desculpa a todo o mundo globalizado por voltar a temas recorrentes e pouco dados à criação de postos de trabalho (não convém que o cão volte ao seu próprio vómito, para citar o Antigo Testamento, um livro quase tão bom como a Revista Gina) mas a verdade é que a melhor prosa na língua de Luís Vaz de Camões, Tarzan Taborda e Helena Coelho, se encontra em sítios como o aduzido em cima. Ora, não é possível interiorizar este princípio sem colidir de frente com uma outra premissa quase tão perturbante como esta notícia ‎: é ou não determinante o facto de besugo, para lá da experiência com bolas de cautchú nos enlameados de Lamego, ter frequentado as páginas da literatura médica? Vou poupar os leitores a incursões nas relações entre a prática de actos médicos e a literatura. No entanto, a mim ninguém me convence da absoluta não existência de relações entre o esforço de compreensão do maior número possível de inteligências em movimento (que, até ver, apenas os livros conferem) e a amplitude do leque de possibilidades de expressão de todos os escuros becos de que é feito o espírito de indivíduos que ousam emancipar-se em direcção às luzes, sejam elas esbranquiçadas numa sala de operações ou arroxeadas no ambiente fétido de um talho. A todos os que têm insistido na vitória das trevas, do Professor Doutor Aníbal Cavaco Silva e de Tocqueville sobre os guerreiros da Luz da estirpe epidemiológica de um Jean-Jacques Rosseau ou de um Alf (eu gosto muito de referir-me a mim próprio na terceira pessoa) quero lembrar que nunca me pareceram devidamente fundamentadas aquelas versões historiográficas que garantem ser o Nazismo, Bergen-Belsen (um nome que podia ser de um lateral direito do Rapid de Viena) ou Goering, a prova de que o estudo e arte não são garantias de protecção dos direitos humanos, o que apenas comprova, isso sim, a incompreensão do valor sacrificial da arte e da leitura, e a incompreensível confusão entre a acumulação de experiências ostensivamente postiças (ilustradas por toda a obra de uma Paula Moura Pinheiro ou de um Eduardo Prado Coelho) e um estudo rigoroso do pensamento humano na sua forma mais transparente, eloquente, fecunda, e cabalmente bela, o que não é compatível com nenhuma forma de menoridade. Perguntarão como se distingue besugo de José Luís Peixoto; perguntarão se existe sequer um imperativo público, estético ou filosófico para colocar uma tal questão, ao que eu responderei que, não crendo na remissão dos justos depois da morte, resta-me estar aqui, de olhos fixos numa frase e saber, saber onde estão aqueles que, mesmo capazes das piores porcarias, não serão nunca capazes de uma frase mal escrita.

4 comentários:

silvia disse...

Alf,
Dribla muito bem na escrita só lhe falta uma certa bondade para igualar o Tchekov :)

Unknown disse...

Será que já repararam que este extraterrestre escreve,
escreve . . . e não diz nada!!? Bom, talvez tenha sido eu o primeiro não analfabeto que (por puro acaso) tropeçou nesta chafurdice, à parte, claro, a Sílvia embeiçada que aqui está a fazer o papel da Júlia florista!

binary solo disse...

Caro Ze-Lopes, denoto das tuas palavras um ressabiamento tipico do comentador de blogues e noticias do publico. Continua lá ler os 31 da Armada e Estado sentido que estão cheios de não analfabetos como tu. Aqui o não falar-se de nada é sempre melhor que falar do que não se sabe. Mas obrigado por animares isto. A malta gosta.

Anónimo disse...

É com grande tristeza que me vejo obrigado a informar que «escreve,
escreve . . . e não diz nada!!?» é uma frase sem qualquer nexo coma discussão, um desabafo desesperado (eu diria mesmo, um grito de ajuda) e um argumento manifestamente pobre, além do mais, típico de consciências perturbadas pelas já referidas paixões obscuras pelo que dou por encerrada a minha participação nesta heróica tentativa de lutar contra a obscuridade de pensamento e o mal-estar de um grande número de existências individuais que, no âmbito da civilização moderna, e não sem um grande sentimento de luto da minha parte (eu, que sou um entusiasta do progresso), padecem muitas e valorosas pessoas.